20111209

Empresas investem mais em treinamento


Diante da escassez de funcionários qualificados, um número crescente de empresas está assumindo a tarefa de treinar os empregados.

Mesmo nos Estados Unidos, onde a taxa de desemprego é alta, encontrar pessoas com as qualificações adequadas para o trabalho — especialmente em funções muito especializadas, como químicos de laboratórios ou técnicos de usinas de energia — continua a ser um grande desafio, segundo várias empresas. Em uma pesquisa feita pela seguradora britânica Lloyd's, os executivos americanos apontaram a falta de empregados qualificados como um dos maiores riscos para suas empresas em 2012, só atrás do risco de perda de clientes.

Então, em vez de aguardar que o candidato ideal bata à porta, as companhias estão optando por educar seus funcionários dentro da empresa ou treinar os recém-contratados que não tenham as habilidades desejadas.

A Westinghouse Electric Co. já investiu "dezenas de milhões"de dólares em uma universidade corporativa criada para treinar novos e antigos empregados, diz Jim Ice, diretor da área de administração de pessoal.

A empresa de energia nuclear, que desenvolveu quatro estações de energia nuclear nos Estados Unidos e quatro na China desde 2007, inicialmente buscava contratar pessoas com experiência no setor.

Mas, desde 1979, depois do acidente nuclear na usina de Three Mile Island, no Estado americano da Pensilvânia, nenhuma outra usina nuclear foi construída nos EUA, diz Ice, então "nós trouxemos funcionários de linha de frente e até gerentes que nunca tinham trabalhado na indústria nuclear antes".

A universidade corporativa, que passou a operar em abril de 2010, usa aulas on-line e exercícios de simulação. Os funcionários passam por testes ou demonstram aos seus gerentes que se tornaram especialistas em certas tarefas, como analisar mostras de ar e realizar testes de radiação.

Já há muito tempo as empresas americanas dedicam seus recursos ao treinamento e desenvolvimento, seja internamente ou através de parcerias com universidades e faculdades comunitárias.

Mas muitas reduziram ou cancelaram os programas para economizar durante a crise econômica.

Isso agora parece estar mudando: de acordo com a Sociedade Americana para o Treinamento e Desenvolvimento, os empregadores americanos gastaram em 2010 36% mais em treinamento e desenvolvimento que em 2009. Gastos diretos com educação, como uma porcentagem da folha de pagamento, subiram para 2,3% em 2006, de 2,7% em 2010.

"As empresas perceberam que criar qualificações com base em conhecimento é crítico para o futuro", diz Sue Todd, presidente da empresa de consultoria de treinamento Corporate University Xchange, cujos clientes incluem a Caterpillar Inc., a Mars Inc. e a Raytheon Co. A prática padrão é gastar 3% do orçamento anual em treinamento, diz ela.

A Aegis Sciences Corp. que oferece serviços de testes de uso de drogas e outros produtos forenses, informa que gasta 5% da sua receita em treinamento.

A empresa, sediada em Nashville, no Estado do Tennessee, e que emprega 570 pessoas, afirma que cresceu rapidamente nos últimos cinco anos porque se expandiu para outras áreas de negócios, como toxicologia pós-morte e ciências forenses.

A Aegis tem sempre abertas cerca de 50 vagas para cientistas e outros técnicos de laboratório, entre outras, conta a diretora de qualidade, Cheryl Hild.

A empresa informa que não consegue encontrar um número suficiente de profissionais qualificados para preencher essas vagas, então, busca recém-formados em química que tenham tido treinamento em laboratório durante a universidade, mas pouca ou nenhuma experiência em laboratório profissional, onde controle de qualidade e consistência são críticos. A Aegis, então, treina os funcionários para executar tarefas como extrair certos materiais de mostras de sangue ou urina e a analisá-los na presenca de diversos medicamentos.

In 2012, a empresa planeja trazer cerca de 420 funcionários, para os quais já prevê em orçamento cerca de 21.000 horas de treinamento, de acordo com Hild.

Embora treinamentos dentro da empresa tendam a ser mais caros e usar mais mão de obra que os feitos com parceiros ou mediante a contratação de treinadores externos, eles são normalmente "muito mais customizados e sob medida para as necessidades da nossa organização, independentemente de se tratar de um treinamento muito técnico ou mesmo de negócios", diz Donna Weiss, diretora gerente da consultora Corporate Executive Board.

A Teco Energy, empresa de energia sediada perto de Tampa, na Flórida, tinha deixado de oferecer um programa de treinamento para os funcionários da planta há 15 anos, mas retomou o programa recentemente, já pensando na aproximação da aposentadoria dos atuais empregados.

"Assim, quando a maré chegar e as pessoas começarem a se aposentar, nós teremos um programa em funcionamento para treinar as pessoas assim que elas passarem pela nossa porta", diz Tony Ware, gerente de treinamento e avaliação da Teco. Fonte The Wall Street Journal.

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