20131121

Inovação e desenvolvimento de pessoas na pauta dos CEOs

Inovação calcada em novas tecnologias e no desenvolvimento das pessoas. Essa é a estratégia idealizada pelos CEOs brasileiros para enfrentar as transformações do cenário econômico mundial nos próximos cinco anos, de acordo com estudo da consultoria de altos executivos Fesa.

O levantamento ouviu cem CEOs de grandes empresas com sede no Brasil, dos setores de bens de consumo, indústria, infraestrutura, TI, telecom e mercado financeiro. Os gestores responderam a perguntas abertas sobre os fatores que vão impulsionar a inovação, as oportunidades de criação de valor para as empresas, os quesitos necessários para atrair e reter talentos, o papel da tecnologia na atuação das companhias e como se dá a preparação de futuros líderes.

As novas tecnologias foram mencionadas por 32% dos respondentes como o principal elemento da inovação nas empresas - o que significa avanços em hardware, software, métodos de trabalho, constituição de espaços físicos e demais fatores relacionados à evolução dos sistemas organizacionais. "Os ciclos hoje são muito rápidos. Se algo funciona bem, já foi copiado ou está obsoleto", avalia Denys Monteiro, CEO da Fesa. "É preciso ter um olhar paranoico na busca de novas maneiras de fazer as coisas."

O recurso humano como condutor das novidades corporativas foi lembrado por 25% dos CEOs, que disseram considerar a gestão e o desenvolvimento dos profissionais como fundamentais para inovar. "As pessoas são o motor desse processo e devem ser engajadas para que a inovação ocorra de baixo para cima e não o contrário", afirma Monteiro. "É o que acontece nas empresas mais inovadoras", ressalta.

No estudo, o desenvolvimento do capital humano aparece também entre as principais oportunidades de criação de valor para as companhias, com 16% de participação nas respostas. Nesse aspecto, o desenvolvimento de soluções personalizadas foi a resposta mais computada, com 34%, seguida do relacionamento diferenciado com o cliente (26%) e da consolidação da marca (24%).

Para atrair e reter os talentos que darão continuidade às práticas de inovação, o grande trunfo das empresas são as oportunidades de crescimento, desenvolvimento e mobilidade, ressaltadas por 38% dos CEOs. O ambiente de trabalho foi destacado por 20% deles. "O desafio é engajar as pessoas de acordo com os objetivos da companhia", afirma Monteiro. "Elas têm de se sentir parte da construção do futuro, como pilotos. Se forem tratadas como robôs, irão embora. Os colaboradores só vão se sentir felizes se perceberem que estão evoluindo."

Nessa escala de recompensas, a remuneração financeira ocupa uma posição secundária. De acordo com Monteiro, a partir de certo patamar da carreira, dinheiro é commodity e um aumento de 30% ou de 50% no salário não vai mudar o padrão de vida do executivo. "Nesse caso, ele está mais interessado em saber se tem chances de dar certo, de deixar sua marca na gestão da companhia". De fato, remuneração e benefícios foi o atributo menos apontado pelos CEOs entre os fatores de atração, retenção e motivação de recursos humanos, superado também por cultura e valores da empresa/marca (15%) e modelo de gestão (17%).

A preparação de líderes é um dos pilares das chances de crescimento dos profissionais. Os presidentes elencaram programas de desenvolvimento externo e interno (41%), como cursos avançados de gestão, e vivência de situações de liderança "on the job" (30%) como as práticas de capacitação mais comuns para os potenciais gestores.

Em termos de estratégia de mercado, os CEOs dão indícios de um relacionamento mais próximo com os clientes de suas companhias. Novas ferramentas de comunicação para um novo perfil do consumidor correspondem a 15% dos principais fatores que vão impulsionar a inovação. Já o relacionamento diferenciado com o cliente responde por 26% das principais oportunidades de criação de valor para as corporações.

Aumento da proximidade com o cliente, por sua vez, surgiu em 15% das respostas sobre de que forma a tecnologia tem influenciado a atuação e a estrutura da empresa. "Os clientes são o motivo pelo qual as empresas existem. Quanto mais habilidosas elas forem ao fazê-los se sentirem únicos na entrega de produtos ou serviços, melhor." Fonte Jornal Valor.

Narciso Machado - NCM Business Intelligence

20131018

Saia dessa mesa: mudar de lugar no trabalho aumenta a produtividade

Muitas empresas estão provando uma nova técnica para aumentar a produtividade no ambiente de trabalho: colocar os empregados em uma verdadeira dança das cadeiras.

Mudar de lugar com frequência no trabalho pode ser produtivo.
Ao deslocar funcionários de uma mesa para outra a cada dois ou três meses, mudando-os de lugar e repensando quem colocar do lado de quem, as empresas afirmam que têm conseguido aumentar o desempenho e a colaboração de equipe.

Os defensores do experimento dizem que não é algo barato, mas que ele pode ajudar a melhorar os resultados da empresa, mesmo que isso acabe gerando descontentamento em alguns empregados.

Nos últimos anos, muitas empresas vêm optando por espaços de trabalho abertos e sem assentos designados, retirando os gerentes dos seus escritórios e reunindo funcionários em mesas comunitárias. Mas algumas empresas, especialmente as firmas jovens do setor de tecnologia, estão dando um passo mais além controlando quem senta perto de quem com a intenção de aproveitar melhor a habilidade dos empregados.

"Se eu mudo o organograma e a pessoa fica sentada no mesmo lugar, isso não terá muito efeito", diz Bem Waber, diretor-presidente da Sociometric Solutions, uma empresa de Boston que usa sensores para analisar padrões de comunicação no escritório. "Se não mudo o organograma, mas alterno onde as pessoas se sentam; isso pode mudar tudo."

Waber diz que as pessoas sentadas mais próximas de um funcionário representam de 40% a 60% de todas as interações que esse empregado faz durante a jornada de trabalho, de conversas pessoais até a troca de e-mail. Há um máximo de 10% de chances de que os funcionários interajam com alguém que está duas fileiras atrás, de acordo com os dados compilados por Waber entre empresas dos setores varejista, farmacêutico e de finanças, entre outras.

As empresas deveriam pensar com cuidado sobre perto de quem seus funcionários devem se sentar, de acordo com especialistas que estudam layout de escritórios e psicologia do local de trabalho. Agrupar funcionários por departamento pode aumentar a concentração e a eficiência, mas misturá-los pode levar a inovação, afirma Christian Catalini, professor assistente da Faculdade de Administração Sloan do Instituto Tecnológico de Massachusetts.

Em sua dissertação, Catalini analisou o impacto da proximidade em um campus acadêmico em Paris. Quando os cientistas foram espalhados por diferentes prédios devido a um problema de amianto, o resultado foi mais experimentos, diz ele. A mistura produziu alguns fracassos, mas também produziu mais avanços.

A MODCo Media, uma agência de publicidade de Nova York, experimentou três configurações de assentos diferentes ao longo dos últimos anos. Durante cerca de seis meses, a empresa misturou seus contadores com os compradores de espaços publicitários na mídia com a esperança de que uns aprendessem com os outros por "osmose" e ao "ouvir os telefonemas". O experimento rendeu ao MODCo uma economia de "cerca de US$ 200 mil por ano", diz o diretor-presidente Erik Dochtermann, mas isso não foi bom para os contadores porque os compradores de espaço aprenderam tanto de contabilidade que acabaram eliminando a necessidade de ter um departamento inteiro dedicado a essa tarefa. Outras configurações de assentos ajudaram a inspirar novos produtos e aceleraram o treinamento de novos empregados, disse ele.

Na agência de viagens on-line Kayak.com, Paul English, um dos fundadores e diretor de tecnologia da empresa, usa os funcionários novatos como uma desculpa para mudar o layout e pensa cuidadosamente quem será vizinho de quem no local de trabalho. Ele leva em conta as personalidades, opiniões políticas, a tendência de chegar atrasado e, mais importante, a propensão de julgar os colegas que chegam tarde ao trabalho.

"Se eu coloco alguém chato perto de você ou se há um conflito de personalidades, tornarei seu trabalho seja deprimente", diz ele.

Pessoas com temperamento emocional similar trabalham melhor juntas, diz Sigal Barsade, professor da Faculdade de Administração Wharton, da Universidade da Pensilvânia. E se a intenção de um gerente é fazer com que um trabalhador estressado se alegre, a melhor estratégia é rodeá-lo de pessoas alegres e bem humoradas. Fonte The Wall Street Journal.

Narciso Machado - NCM Business INtelligence

20131010

Usuários de redes sociais debatem liberdade de expressão no Brasil

O personagem Otário Anonymous tem mais de 300.000 seguidores no Youtube e promete ser o pior pesadelo na vida de pessoas e empresas que fazem propaganda enganosa. O Brasil está no meio de um debate sobre a liberdade de expressão, e no centro estão a vasta comunidade de usuários de redes sociais do país, incluindo um homem que se autodenomina "Otário Anonymous". O personagem, que já se tornou popular na internet, investiga propagandas enganosas e as satiriza no YouTube com um saco de papel na cabeça. Em um vídeo que teve grande circulação, ele alerta os consumidores sobre impostos embutidos num fundo de investimento mútuo do banco Bradesco SA. "Isso é o que eles estão fazendo", diz ele no vídeo, imitando um ladrão armado, disparando um tiro com os dedos e enfiando um maço de dinheiro no bolso. O Bradesco alegou que o vídeo era ofensivo e ganhou o caso contra o Google Inc. para retirá-lo do site do YouTube no ano passado. O Google entrou com recurso. O caso do Otário é apenas um entre centenas que o Google enfrenta a cada ano no Brasil, onde o gigante de internet diz receber o maior número de pedidos do governo e de tribunais para remover vídeos em todo o mundo. Embora a constituição brasileira proteja a liberdade de expressão, as leis do país contra o anonimato e difamação têm sido cada vez mais usadas por celebridades, empresas e autoridades do governo para censurar seus críticos. O Brasil não isenta os provedores de serviços de internet da responsabilidade sobre o conteúdo gerado por usuários, o que é uma prática comum em outros países. Essa tensão entre a liberdade de expressão e proteções legais também tem consequências fora da internet. Um exemplo disso é o caso do cantor Roberto Carlos que conseguiu barrar a venda de uma biografia não autorizada em 2007, sob uma lei que exige que pessoas famosas autorizem antecipadamente a venda de livros biográficos. Os especialistas do setor dizem que é uma questão de tempo antes que um caso chegue à Suprema Corte brasileira, o que poderia determinar de uma vez por todas se os indivíduos têm o direito constitucional de fazer declarações públicas não autorizadas sobre empresas e figuras públicas. Os parlamentares estão tentando corrigir as deficiências com um projeto de lei para reforçar os direitos de usuários à liberdade de expressão na internet e impor limites em quanto tempo empresas podem armazenar dados de usuários. A votação está prevista para este mês. Enquanto isso, grandes volumes de conteúdo gerado diariamente nas redes sociais estão gerando uma enorme pilha de novos casos para os tribunais brasileiros. Muitas pessoas do país, incluindo os defensores da liberdade de expressão e mesmo alguns juízes, dizem que as leis devem ser alteradas para que se tenha uma democracia funcional. Em 2012, o mesmo ano que o Brasil se tornou um dos maiores usuários do mundo do YouTube, Facebook e Twitter, o Google informou que recebeu 756 solicitações para remover conteúdo relacionado às eleições. O Brasil também liderou a lista de países pouco transparentes no relatório de transparência do Twitter no primeiro semestre de 2013, com dez ordens judiciais e pedidos de agências governamentais para a remoção de conteúdo. O Google se defende de muitas ordens judiciais no Brasil, incluindo aquelas que tentam barrar conteúdo que acusa promotores federais e juízes de incompetência e corrupção. Mas em 35 casos, o Google teve que remover conteúdo depois de perder o processo de recurso no segundo semestre de 2012. Na batalha sobre o vídeo de Otário, o Bradesco finalmente ganhou o processo contra o Google por causa de uma cláusula da Constituição: o artigo 5 garante a liberdade de expressão mas proíbe o anonimato. Esta cláusula tem sido objeto de polêmica, especialmente depois que o governo do Estado do Rio de Janeiro a usou para proibir manifestantes de usar máscaras durante protestos alguns meses atrás. O Google não removeu o vídeo do Otário e entrou com recurso num tribunal federal em São Paulo. O Bradesco não quis comentar. Numa entrevista ao The Wall Street Journal, Otário disse que preza seu anonimato, porque protege sua capacidade de falar abertamente e permite que os telespectadores interajam livremente com ele. Além de colocar um saco de papel na cabeça, ele usa um terno com luvas brancas para ocultar a sua raça e idade e prefere não revelar seu nível de educação. A voz dele também é alterada. O canal do Otário no Youtube tem mais de 300.000 assinantes. Ele diz que apenas seus pais, um tio, a namorada e dois ou três amigos próximos conhecem a sua identidade on-line. Às vezes pode soar estranho, mas "eu quero que as pessoas saibam que qualquer um pode fazer o que eu faço", diz ele. Descobrir como evitar que seus vídeos sejam removidos tem sido um jogo de adivinhação. "Em algum momento, achei que eles poderiam censurar se eu usasse a logomarca das empresas, então retirei as logos dos vídeos," diz. Especialistas dizem que tentar remover conteúdo popular muitas vezes pode ser um tiro que sai pela culatra, porque pode torná-lo ainda mais popular, à medida que outros usuários podem copiá-lo e republicá-lo. Fonte The Wall Street Journal. NARCISO MACHADO - NCM BUSINESS INTELLIGENCE

20130926

Criatividade nos benefícios ajuda a engajar equipes

Aumente a produtividade com formas criativas de oferecer benefícios para seus colaboradores. Ryan Carson está em sua mesa em Portland, nos Estados Unidos. Como diretor-presidente da Treehouse, uma empresa que produz e vende vídeos de treinamento e técnicas em web design, ele divide sua sala com três colegas. Mas esse não é o escritório de um CEO típico. Na verdade, a sala está no terceiro piso da casa onde Carson mora com a família. Ele construiu uma empresa com 54 funcionários com base em uma cultura de trabalho diferenciada: a maioria dos empregados trabalha em casa e a empresa funciona apenas quatro dias por semana, de segunda a quinta-feira. Além disso, a Treehouse oferece não só o que Carson descreve como "folgas insanas", mas também dá a cada um de seus colaboradores US$ 5 mil para que eles possam montar seus escritórios domésticos, além de almoços gratuitos e telefones celulares. Alguns profissionais de recursos humanos podem até chamar atenção para os custos que isso representa, mas Carson garante que vale a pena. "Se você analisa os custos de tudo isso, verá que eles não são muito grandes quando considera o retorno sobre o investimento em termos de lealdade e empenho dos funcionários", justifica. Não é incomum organizações oferecerem pacotes atraentes de benefícios - que vão de treinamentos a refeições gratuitas. Mas empresas menores como a Treehouse podem ir mais além para atrair talentos. Em setores competitivos em que há tradicionalmente uma rotatividade grande de funcionários, esses executivos acreditam que a combinação de uma cultura de trabalho agradável e benefícios generosos não só ajuda a recrutar e manter funcionários qualificados, como também pode motivar as pessoas a se esforçarem mais. Carson alerta que essas iniciativas resultam em aumento de produtividade apenas se a equipe souber valorizar e aproveitar esses benefícios. "Se você não trouxer as pessoas certas, nada disso funciona", afirma. Michael Poley é funcionário da companhia desde o início de 2011 e mora na Flórida. "Quando você vê uma oportunidade de trabalho na Treehouse e fica sabendo sobre todos os benefícios, você fica maluco", diz. Essa cultura de trabalho encorajou Poley a tentar causar uma grande impressão quando ele se candidatou para um cargo na empresa. "Você quer mostrar quanta energia e talento pode levar para a organização", afirma. Jim Hoskins, um colega de Poley, diz que a semana de trabalho de segunda a quinta-feira tem um efeito profundo sobre a maneira como ele trabalha. "O fato de termos apenas quatro dias para fazer as coisas nos leva a trabalhar com mais afinco e de maneira mais inteligente." A Campaign Monitor, sediada em Sydney, na Austrália, fornece softwares para campanhas de marketing por e-mail e tem uma postura parecida em relação à sua cultura e seus benefícios. Sua página sobre carreira exibe um pacote atraente que vai de aulas de surfe e um chef de cozinha no local de trabalho até salas particulares para todos os integrantes da equipe. "Muitos desses benefícios atendem nossa única prioridade, que é poder eliminar facilmente qualquer distração quando for preciso", diz o fundador David Greiner. O chef e os espaços comuns atraentes são proporcionados para garantir que todos na companhia almocem juntos e socializem diariamente, o que, segundo Greiner, ajuda a manter as pessoas felizes e produtivas. "O fator mais importante em uma carreira gratificante é fazer um grande trabalho. Quanto mais você fizer para ajudar as pessoas a conseguirem isso, maior a probabilidade de eles permanecerem na empresa", ressalta. Esses benefícios podem ser viáveis para algumas empresas, mas muitas teriam dificuldade para contratar, por exemplo, um chef de cozinha exclusivo. O objetivo, no entanto, é tentar criar uma cultura de trabalho que seja realmente atraente. Jools Walker é gerente de vendas e marketing da Vulpine, uma empresa de Londres que vende roupas e equipamentos para a prática de ciclismo. "Para mim, o maior dos benefícios é o ambiente que temos aqui, que é diretamente ligado às minhas duas paixões - o ciclismo e a moda. Por mais que possa soar como um clichê, é um sonho que se tornou realidade", diz ela, que também mantém um blog sobre o assunto e já atuou como diretora de admissões da Universidade de East London. Esse entusiasmo misturado com uma cultura descontraída, em que reuniões e 'brainstorms' ocorrem no estacionamento da empresa em vez dos escritórios, cria um ambiente que ela acredita ser mais produtivo. "O dinheiro não foi minha principal motivação ao entrar para a Vulpine. Trabalhar em um lugar com pessoas que têm os mesmos valores e crenças e paixões que eu era uma oportunidade boa demais para ser perdida", enfatiza. Do outro lado de Londres, em Shoreditch, Drew Benvie está construindo a Battenhall, uma agência de comunicação com um ambiente corporativo e pacotes de benefícios especialmente desenhado para atrair os melhores talentos da área. O empresário conta que aprendeu que coisas pequenas - como dar a cada colaborador uma verba de 1.200 libras para gastarem como quiserem em produtos de tecnologia - podem ter um enorme significado e são fundamentais para o sucesso dos negócios. "Se você não proporciona aos colegas aquela sensação de que eles estão recebendo atenção, isso vai afetar o desempenho de forma negativa." Entretanto, embora o site da Battenhall ressalte o trabalho em casa e outras regalias, a verdade é que a maior parte da equipe passa mais tempo no escritório da companhia em Londres. Culturas de trabalho flexíveis podem parecer interessantes em um primeiro momento, mas a realidade para muitas empresas é que a força de trabalho precisa estar reunida no mesmo espaço físico. Na verdade - assim como Jools Walker se sente em relação à Vulpine -, na Battenhall a cultura do local de trabalho provavelmente seja o grande atrativo. A empresa tem apenas nove funcionários e três meses de vida. O que atraiu os candidatos foi, principalmente, a oportunidade de ser parte daquele espírito de startup, de ajudar a moldar a cultura corporativa e contribuir para a construção de uma agência de comunicação diferente. "Eles têm a oportunidade de participar da criação da personalidade da companhia e isso é algo que você não pode fazer no Google", diz Benvie. De volta a Portland, Carson está refletindo se manteria a política da semana de trabalho de quatro dias caso abrisse uma nova empresa. "Provavelmente implementaríamos essa mesma política, mas é uma decisão difícil", diz. "Agora tenho filhos e vejo que a vida é muito curta. Se existe uma maneira que me possibilita passar 50% de tempo a mais com eles, por que eu não faria isso?" O fato é que essas culturas de trabalho podem ser consideradas extremas demais e insustentáveis para organizações maiores. No entanto, Carson está otimista e acredita que essa abordagem não é um obstáculo ao crescimento. "Todas as empresas que criei com a semana de trabalho de quatro dias foram bem-sucedidas e a Treehouse é a maior até o momento", afirma. Mas acrescenta: "Em companhias muito grandes, talvez você só tenha que fazer a coisa um pouco mais lentamente." Fonte Financial Times. Narciso Machado - NCM Business Intelligence

20130925

Empresa de tendências indica as 20 profissões do futuro

Segundo a empresa de tendências Sparks & Honey, podemos esquecer o modelo de carreira estável e linear. A ideia é que as profissões se tornem mais complexas, colaborativas e especializadas. A companhia indicou uma lista de 20 carreiras que farão sucesso nos próximos anos. A maior parte delas são consultorias personalizadas ou que ajudam profissionais a se guiar no mundo virtual. Algumas já existem, mas terão uma demanda maior no futuro. Outras têm um grande potencial e ainda deverão ser criadas. Veja a lista abaixo: Conselheiro de produtividade: as pessoas precisarão de ajuda para melhorar a sua produtividade, combinando saúde, bem-estar, gestão do tempo e aconselhamento de carreira. Curador digital: um especialista que recomenda e mantém seu rol de aplicativos, hardwares e softwares para melhorar sua vida pessoal e profissional. Balanceador microbiológico: um especialista que avalia a composição microbiológica de um ambiente ou indivíduo. Desorganizador corporativo: as empresas pedirão um organograma mais colaborativo, e será preciso que alguém embaralhe e quebre as hierarquias corporativas. Tutor de curiosidade: um conselheiro que não só forneça inspiração e conteúdo para despertar a curiosidade, mas que ensine a arte da descoberta. Especulador de moedas alternativas: as moedas virtuais estão ganhando força e isso é uma boa oportunidade para um especialista que se dedique a estudar esse mercado. Pastor urbano: especialista em plantas criadas em jardins de pequena escala ou em áreas urbanas incomuns. Faz-tudo 3D: um especialista em impressão 3D que fabrica tudo o que uma pessoa precisa. Administrador de morte digital: alguém que cria, administra ou elimina dados após a morte de alguém. Arquivista pessoal: na era da vida completamente documentada, haverá a necessidade de especialistas para organizar, catalogar e dar sentido aos conteúdos pessoais. Especialista em desintoxicação digital: a internet estará em todos os lugares, e precisaremos de um profissional para nos ajudar a desintoxicar do mundo virtual e ter uma vida mais saudável. Especialista em crowdfunding: alguém que entenda como promover e obter fundos para um projeto através de financiamento público. Consultor de novas habilidades: esse profissional ajuda os clientes a desenvolver e adquirir novas habilidades para ocupar cargos inéditos nas empresas. Personal trainer baseado em dados: um instrutor de saúde que não só recomenda dietas, mas também analisa os dados de rotina pessoal e aptidão para que o cliente tenha um melhor estilo de vida. Cinegrafista de experiências: esse cinegrafista viverá experiências por outras pessoas e as gravará para os chamados "exploradores de sofá". Conselheiro de não escolaridade: esse profissional incentiva os alunos a invadir o mundo real e experimentar a vida, em vez de apenas buscar caminhos tradicionais de ensino. Consultor de privacidade: esse especialista estudará vulnerabilidades de segurança em aspectos pessoais, físicos e virtuais. Consultor de carreiras via Skype: consultores de carreira que preparam e ajudam profissionais por meio de entrevistas remotas ou vídeoconferências, com dicas de etiqueta, aparência e habilidades de conversação. Agente de memes: assim como um agente de celebridades, esse profissional representará personalidades que se tornaram memes na internet. Condutor de drones: a demanda por drones (aviões não tripulados) pedirá guias experientes. Fonte Jornal Valor.

20130907

Empresários com menos de 40 anos

Empresários com menos de 40 anos de idade de países do G20 acreditam que são a fonte mais dinâmica de inovação tecnológica
Narciso Machado - NCM Business Intelligence

20130901

Gestão é o novo hit no showbiz

Inicialmente acanhadas, montadas de forma improvisada com os pais à frente, essas empresas ganham corpo quando a demanda por shows e publicidade explode e o faturamento vai às alturas. Em uma propaganda da Suvinil, Luan Santana entrega uma palheta vermelha a uma garota da plateia, enquanto canta a música "O Amor Coloriu". Inspirada em parte na história real de como ele conheceu sua namorada, Jade, o comercial mostra que uma parede inteira do camarim é pintada pela moça com a mesma cor da palheta, cor "Luan Santana". A música, composta pelo artista neosertanejo especialmente para a campanha, ficou disponível para download no site da marca e não entrou em nenhum de seus discos, mas é sempre tocada nos shows e lhe rende direitos autorais. Além da Suvinil, Santana é garoto-propaganda da Água de Cheiro e da Tele Sena e negocia mais um contrato. A relação fraternal entre marcas e artistas da música tem raízes profundas (em 1935, Orlando Silva gravou um jingle para a Brahma), mas hoje, nomes como Luan Santana, Claudia Leitte, Paula Fernandes, Gaby Amarantos e Ivete Sangalo são, mais do que garotos(as)-propagandas, artistas-empresa, verdadeiras corporações que trabalham sob rígido controle de logística, planilhas de metas e lucros, pesquisas de mercado etc., sempre de olho também no longo prazo. E, principalmente, não há nenhum pudor por parte desses artistas em se assumir como um produto. Faz parte do pacote. Chega a soar ingênuo, mas profético, o texto que o produtor musical Nelson Motta escreveu em 1969 na contracapa do segundo disco, homônimo, dos Mutantes, que inclui "Algo Mais", jingle que a banda gravou para a Shell. Havia uma certa patrulha ideológica e era necessário justificar: "Quem vive numa sociedade de consumo tem duas alternativas: ou participa ou é devorado por ela. Não há saída fora desta opção (...)". Com a reviravolta na indústria fonográfica no começo deste século XXI, outras fontes de receitas, além de vendas de discos, são o que realmente sustentam os artistas. Claudia Leitte, por exemplo, aparece como uma das mais fortes no ramo da publicidade: 50% de sua receita vem desses contratos e 50% de shows. Já Paula Fernandes recebe 60% de shows e 40% de publicidade. Esse modelo de atuação dos artistas brasileiros que estouraram nos últimos anos segue os passos do mercado da música pop americana, de nomes como Madonna, Beyoncé e Lady Gaga. "[O artista] é um produto, sim. Mas, diferentemente de uma xícara, expressa emoção - o que já é bom porque posso construir a imagem desse produto junto com o próprio produto; posso interagir com ele", afirma Fábio Neves, presidente da 2T's Entretenimento, de Claudia Leitte. A sala de reuniões da empresa onde ocorreu esta entrevista tem um nome simbólico e revelador: "Fábrica de Sonhos". Mais do que vender música, esses cantores e cantoras precisam "mobilizar afeto" e produzir uma "experiência completa". "O artista não vende mais só um disco, mas uma marca. Ele se associa a um festival e a uma série de produtos que o fã pode levar para casa, nem sempre ligados à música", diz Simone Sá, pesquisadora da Universidade Federal Fluminense (UFF). Um sinal da mudança dos tempos é a readequação dos patamares de certificação da indústria fonográfica. Com a queda de vendas de CDs e DVDs, em 2010 a indústria passou a conceder disco de diamante a quem vendesse 300 mil cópias, em vez de 1 milhão. "O artista ganha mesmo é com os shows e com a venda de produtos. Aliás, de todos os produtos, talvez os que ele mais venda sejam os produtos que não o dele mesmo", diz Marilda Santanna, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), autora do livro "As Donas do Canto", que analisa aspectos artísticos, técnicos e profissionais na construção da carreira de intérpretes da axé-music da Bahia. No livro, Marilda retrata a criação do que ela chama de "artistas executivos" e a constituição de um "mercado da cultura", na interação entre mídia, patrocinadores, público e artista. Inicialmente acanhadas, montadas de forma improvisada com os pais à frente, essas empresas ganham corpo quando a demanda por shows e publicidade explode e o faturamento vai às alturas. "Há um período na carreira de todo artista em que ele tem que virar pessoa jurídica. Nossa empresa começou em 2010 muito por causa dos valores de faturamento", diz Nilmar Fernandes, irmão da cantora sertaneja Paula Fernandes e diretor da Jeito de Mato.
Os familiares não foram afastados completamente da gestão, mas estão hoje em companhia de pessoas trazidas do mercado, que ocupam cargos estratégicos nessas empresas. A 2T's, de Claudia Leitte, surgiu há pouco mais de um ano como substituta da Ciel, que era administrada exclusivamente pela família. "A gente não tinha estrutura para administrar aquele produto tão grande", diz Claudio Jr., irmão de Claudia, que hoje é diretor de novos negócios na 2T's. "Não era uma empresa mais que a gente conseguia segurar com as próprias mãos. E era preciso encontrar uma pessoa capaz de administrar uma multinacional." A aproximação entre essas celebridades e a publicidade segue de forma similar à diversificação de outras empresas do ramo, como Audiomix, que administra a carreira de Jorge & Mateus e Gusttavo Lima; a Sunshine, conhecida por gerir Zezé di Camargo e Luciano, Latino e Belo; a Talismã, empresa de Leonardo, que também gerencia a carreira de artistas como Cristiano Araújo; a Caco de Telha, de Ivete Sangalo, que já tem quatro áreas de atuação; e a F S, da dupla Fernando & Sorocaba. Nesse novo cenário, funções que eram responsabilidades das gravadoras passaram para os escritórios dos artistas, como gravação do disco, produção dos trabalhos, divulgação nas rádios e assessoria de imprensa. Segundo Priscila Brasil, sócia da "musa do tecnobrega" Gaby Amarantos na empresa Aparelhagem, em Belém do Pará (PA), a gravadora praticamente só distribui o material pronto. "Somos as novas gravadoras. Temos aqui dentro uma pessoa de rádio, uma pessoa de TV, uma pessoa de impresso, diretor artístico etc. Temos até uma equipe de figurino. Imagina a complexidade do figurino da Gaby? É basicamente um carnavalesco aqui dentro!", diz Priscila. As relações de poder entre artista e gravadora respondem a outra lógica. No passado, segundo o musicólogo Zuza Homem de Mello, a gravadora chegava a impor padrões de comportamento. "O artista fazia o que não queria para continuar contratado. A maioria engolia sapos", diz. "Hoje, há a possibilidade de o artista dizer que não vai mais gravar o que a gravadora sugere e gravar só o que ele quer." Na maioria dos casos, cabe à gravadora o papel de distribuidora. Até em pontos como a identidade visual dos artistas, os escritórios próprios são os novos "patrões". A dupla sertaneja Breno e Caio Cesar, que faz shows em bailes de debutantes, teve que emagrecer para agradar ao público-alvo. "Eles poderiam ser gordinhos até porque tem várias duplas de gordinhos fazendo sucesso. Mas como a gente tinha um perfil para eles, de 'pop star', de namoradinhos das meninas, esse perfil pedia para que não fossem gordinhos", diz Anderson Ricardo de Souza, da A.R Live. O aumento de departamentos e funções ocorre em um momento em que essas empresas chegam hoje a atingir até R$ 100 milhões em receita por ano. Essa conta leva em consideração os valores pagos por prefeituras paulistas para shows, divulgados no "Diário Oficial do Estado de São Paulo", e sua participação relativa no faturamento. Os escritórios não revelem cachês nem faturamento. Por esse cálculo, só de shows, a Jeito de Mato, de Paula Fernandes, chega a ter uma receita em torno de R$ 60 milhões/ano. Esse valor pode atingir R$ 100 milhões/ano, considerando recursos com publicidade (levando em conta que 40% de seu faturamento vem desse ramo). Já a receita de Claudia Leitte com shows gira em torno de R$ 35 milhões/ano com shows, considerando valores de cachês segundo o "Diário", e R$ 70 milhões, se considerada a receita também com publicidade, enquanto Luan Santana consegue um faturamento em torno de R$ 50 milhões por ano só com shows. Ele não revelou a importância da publicidade para sua receita.
Claudio Jr. e Fábio Neves, da 2T's: empresa criada por Claudia Leitte adota pesquisas de mercado para posicionar produto. Por enquanto, ainda não se tornaram grandes escritórios. Como comparação, a Time for Fun, maior empresa de entretenimento do país, responsável por musicais no Brasil como "O Rei Leão", faturou R$ 694,2 milhões em 2012 no país. Mas as empresas de artistas já chegam próximas ao faturamento de agências de publicidade como a Neogama BBH, cuja receita atingiu R$ 96,7 milhões no Brasil, em 2012. E traçam planos para crescer ainda mais, como oferta de novos "produtos" e novas áreas de atuação, como promoção de eventos e administração de espaços ligados à música, como indica a 2T's. A empresa de Claudia Leitte também avalia oito nomes, dos quais vai selecionar três para administrar - como Mira Callado, que participou do "reality show" "The Voice Brasil" (Rede Globo). "Estamos discutindo qual será o posicionamento do produto Mira. Isso passa por definir estilo musical, imagem e público-alvo", explica Fábio Neves, presidente da 2T's, trazido da multinacional de tecnologia Pitney Bowes Semco. Luan Santana também quer administrar carreiras de novos artistas e a Aparelhagem, de Gaby, avalia nomes do Norte. Em vez de um modelo puramente familiar, alguns artistas, antes de assumir inteiramente a gestão de sua carreira, chegaram a fazer sociedades ou parcerias em que um percentual da sua carreira é cedido a terceiros. Algumas dessas associações resultaram em conflitos na Justiça. Quando começou a se destacar na mídia, em 2009, Luan Santana abriu a L S Ltda, para administrar sua carreira com dois outros sócios: Sorocaba (da dupla sertaneja Fernando & Sorocaba) e Anderson Ricardo de Souza (da A.R Live, atualmente com a dupla Breno e Caio Cesar). Há poucos meses, os três passaram a discutir a saída de Souza da L S. "Comecei muito jovem, quando ainda não tinha a menor noção de negócios ou do funcionamento de uma empresa. Com o passar do tempo, fui percebendo a importância de ter uma empresa bem administrada para melhorar os resultados da minha carreira, seja do ponto de vista artístico, seja do ponto de vista financeiro", diz Santana. Adolescente de Londrina (PR) "descoberto" há sete anos, ele já chegou a ter contratos com grandes empresas, como Riachuelo, Lacta, Pernambucanas, JBS (Friboi) e Caderbrás. Hoje, aos 22 anos, além de novos contratos vultosos, é um dos shows mais bem pagos do mercado sertanejo (veja infográfico nas páginas 18 e 19). Paula Fernandes passa por situação parecida. Em 2010, criou, em Belo Horizonte, a Jeito de Mato. Dois anos depois, quando rompeu com a Talismã, empresa do cantor Leonardo - com quem negocia na Justiça até hoje o fim do contrato -, é que começou a administrar inteiramente sua carreira. Nascida em Sete Lagoas (MG), Paula estourou na mídia depois que Roberto Carlos a convidou para o seu tradicional especial de fim de ano na Rede Globo, em 2010. "Roberto Carlos assinou em cima do produto Paula", diz Nilmar Fernandes, diretor da empresa que é presidida por Paula. Ela hoje é um dos mais altos cachês entre as cantoras brasileiras. Sua receita é complementada com publicidade, sobretudo as que falam com o público do campo - ela é garota-propaganda do crédito rural da Caixa Econômica Federal, em comerciais ao lado do cantor Almir Sater. Um contrato com a empresa Wella e um licenciamento de uso de seu nome para as sandálias Grendha, da Grendene, também estão no seu portfólio. Segundo o diretor, houve até negociações para a criação de uma boneca da cantora. A exposição excessiva, no entanto, nem sempre é bem-vinda. "Temos preocupação em não cansar a imagem de Gaby vendendo coisas. Vi vários artistas terem suas imagens destruídas pelo volume de empresas para as quais faziam propaganda. Isso desgasta a imagem de uma maneira que depois não tem como voltar atrás", diz Priscila Brasil, diretora da Aparelhagem, de Gaby Amarantos, empresa criada em 2011. A cantora é garota-propaganda da Coca-Cola e da rede varejista Novo Mundo, que atua no Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Hoje, 70% do faturamento da Aparelhagem vem de shows e 30%, de publicidade. Há planos para a publicidade passar a 35% no médio prazo, mas não mais do que isso. Claudia Leitte e Ivete Sangalo têm menos pudor. Claudia é garota-propaganda de oito marcas (Guaraná, Riachuelo, Gol, Sky, O Dia, Denuncia Jeans, Garoto, papinhas Nestlé) e tem produtos licenciados para três empresas (Ballasox, Beauty Color e Jequiti) das quais recebe porcentagem por uso de imagem, além de duas empresas de patrocínio de seus shows (Gol e a Sky). "Essas empresas não bateram na porta. A maioria nós fomos atrás" afirma Fábio Neves. E vem mais: em outubro, a cantora sairá como "Claudinha", personagem de gibi de Mauricio de Sousa. Ivete é hoje garota-propaganda de cinco: Schin, Grendha, Avon, Insinuante e Supermercado Guanabara. Além desses contratos, há cinco de produtos licenciados: Triumph, Hiroshima (marca de roupas), Le Postiche, Malwee e Seculus. Mais do que vender um álbum, o artista agora tenta "mobilizar afeto" e promover uma experiência completa, que vai além da sua música Se alguns artistas querem a publicidade e passam a trabalhar uma certa imagem a ser mais facilmente associada a produtos, a publicidade tem corrido atrás da popularidade. Algumas amostras: Paula Fernandes e Luan Santana estão entre os dez autores que mais receberam por direitos autorais em 2012 no Escritório Central de Arrecadação (Ecad), de tanto que suas músicas são tocadas. "Sogrão Caprichou", de Luan, foi a quarta mais tocada no Centro-Oeste e no Sudeste mês passado. Paula bateu há pouco tempo a marca de 7 milhões de curtidas na sua página no Facebook. Na parceria Luan Santana e Suvinil, a visitação ao site da marca cresceu 60% e a música "O Amor Coloriu" teve 300 mil downloads. "É como um disco de diamante", diz a diretora de marketing da Suvinil, Daniela Tavares. O desempenho da marca nas redes sociais cresceu de maneira inédita: o videoclipe da música teve 1,4 milhão de visualizações. "Nunca houve uma campanha que atingiu esse volume." A campanha começou em janeiro, com a música "Te Esperando". A canção já existia no "pipeline" do Luan, mas junto com a empresa houve modificação de partes da letra para que ela inevitavelmente ficasse mais melancólica e passasse a mensagem de que o amor não é correspondido. "A gente a deixou mais preta e branca", explica Daniela. Depois, Luan fez a letra "O Amor Coloriu", que teria que ter outro ritmo, por exigência da marca. Nesta canção, o amor do Fernando, da música "Te Esperando", teria que ser correspondido. Na propaganda, quando isso ocorre, as imagens, antes em branco e preto, ganham cor. "É evidente que o Luan Santana mostrou um lado óbvio da carreira dele. Ou seja, ele faz qualquer negócio", critica Zuza. Para alguns pesquisadores, é perigosa a visão de "artista-produto" porque pode existir uma commoditização da cultura: um formato padrão seria adotado na oferta e cada vez mais haveria demanda pela mesma coisa. Luan Santana, por exemplo, é mais pop e cultiva um visual "moderno", com cabelo com topete e roupas justas. Apresenta-se como artista solo, em vez de fazer parte de uma dupla, e para muitas pessoas, ele ajudou a criar um modelo de "produto ofertado" no mercado, que depois foi seguido por nomes como Gusttavo Lima, cujo cachê já é próximo ao de Santana. "O produto que mais conseguir comunicar os sonhos que se quer vender é que será eleito para ser vendido. Isso é de uma responsabilidade enorme quando falamos em 'produtos' que falam, cantam, têm sentimentos e produzem sentimentos", diz Vanessa Rocha da Silva, que defendeu no ano passado a dissertação de mestrado "Cultura S/A: Um Novo Sentido para Novos Tempos", na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). As críticas ao culto à celebridade podem sugerir equivocadamente que se trata de um fenômeno novo. Pesquisadores como Simone Sá, da UFF, lembram que isso já ocorria no século XX, com as divas do cinema americano ou mesmo antes da música gravada. Mas ressaltam que há, hoje, um peso maior da autopromoção como ferramenta estratégica em contexto de avanço das redes sociais. "Quando a gente olha para artistas de Hollywood do século XX, esse tipo de associação, que ultrapassa a função de artista, já estava construída. Mas essa relação se intensifica quando passo a ter acesso a toda vida do meu ídolo", diz. Para Simone, a exigência de os artistas "vestirem o personagem" o tempo todo não é só exigência do mercado. "É toda uma cultura que estamos construindo para o bem e para o mal de estarmos sempre acessíveis e performatizando as nossas identidades nas redes" Claudia Leitte, por exemplo, compartilha fotos como a depilação de suas pernas (via Instagram), além de declarações ao filho: "Uma babá quase perfeita e um filho anjo. Amo esses 2" (via Twitter). Essa sensação de intimidade entre fã e artista, proporcionada pelas redes, pode incentivar que eles sejam vistos como modelos de conduta pelos seus seguidores. Porém, ao se unir a algumas empresas, estudiosos advertem que os artistas podem limitar suas atitudes, como não abraçar causas polêmicas ou que não peguem bem para uma determinada marca. Zuza é taxativo em sua crítica. "As pessoas compram uma roupa não em função de uma análise detalhada da qualidade, mas sim da etiqueta que está nela. Na música, acontece a mesma relação. Hoje se consome uma etiqueta. E você pode até não gostar, mas finge que gosta", diz. Outros pesquisadores, no entanto, ressaltam aspectos positivos na existência dessas empresas que administram carreira de cantores. O fato de um artista criar um modelo de negócio, entender o seu público e criar produtos estratégicos para serem vendidos "consolida uma linguagem cultural" e ajuda a amadurecer o mercado cultural brasileiro, segundo Leandro Valiati, professor de economia da cultura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No plano pessoal, os "artistas-empresa" também têm mostrado eficiência. Assim como os jogadores de futebol dos dias de hoje, que pensam na vida após a aposentadoria e também fazem planos de carreira, esses cantores e cantoras buscam evitar erros que colegas de profissão cometeram no passado. Embora possam ser criticadas, uma das mais importantes metas das empresas de artistas é dar longevidade à carreira e, sobretudo, ao patrimônio. Na A. R Live, de Anderson Ricardo, a gestão de patrimônio pessoal se tornou uma área específica da empresa. "Esses artistas que ganharam muito e no fim da vida estão sem dinheiro não tiveram uma consultoria sobre como investir", diz. "Em vez de comprar uma Lamborghini ou uma Ferrari, como se vê os artistas fazendo por aí, a gente vai apontar investimentos para o futuro." Vários artistas têm investido o patrimônio pessoal no aquecido mercado imobiliário brasileiro, como Claudia Leitte e Paula Fernandes. Priscila Brasil, da Aparelhagem, diz que Gaby Amarantos aplica em lançamentos imobiliários com previsão de mais de 60% de retorno em dois anos. "São investimentos um pouco conservadores, mas ao mesmo tempo rentáveis", diz Priscila. Numa era de celebridades instantâneas, a nova forma de gestão tenta dar permanência. "Não estou nem pensando só na Claudia Leitte quando ela estiver com idade mais avançada. Eu penso em como os netos da Claudia poderão usufruir daquilo que ela conquistou", diz Neves, da 2T's. Fonte Jornal Valor. Narciso Machado - NCM Business INtelligence

20130823

Contar piadas no trabalho pode ajudar na carreira

Para Adams, criador de "Dilbert", se você nunca foi engraçado, é uma péssima ideia tentar ser no ambiente de trabalho Margot Carmichael Lester adora fazer brincadeiras bem-humoradas no trabalho. Como proprietária da The Word Factory, uma empresa de criação de conteúdo da Carolina do Norte, ela busca funcionários que tenham senso de humor. "Eu só quero trabalhar com pessoas que podem entender uma piada", diz. Às vezes, porém, suas piadas não surtem efeito. No mês passado, em uma reunião com clientes do setor de seguros, ela zombou levemente da forma como as pessoas geralmente veem suas seguradoras: "Quem realmente espera ouvir 'Estou ligando da sua seguradora e estou aqui para ajudar?'." A piada morreu em meio a poucas risadas, conta. Embora ela tenha se recuperado e concluído o projeto do cliente com sucesso, o episódio não saía da sua cabeça. "Se você é engraçado, se arrisca [a fazer uma piada], se expõe e as pessoas não riem? Isso dói." Pesquisas indicam que os empregadores gostam de contratar pessoas com senso de humor. E mesclar riso e diversão na cultura de uma empresa pode atrair trabalhadores qualificados, de acordo com um estudo publicado no ano passado pela revista especializada "Human Relations" (Relações Humanas). Um estudo de 2011, feito pela Universidade Estadual da Pensilvânia, concluiu que uma boa gargalhada ativa as mesmas regiões do cérebro que um cheque referente ao pagamento de um grande bônus. Ao mesmo tempo, o ambiente de um escritório pode ser um campo minado para brincadeiras. Fazer os colegas rirem leva tempo e exige autoconfiança - e a habilidade de se recuperar de uma gafe. "As pessoas vão gostar mais de você se elas acharem você engraçado", diz Scott Adams, criador do popular personagem de história em quadrinhos "Dilbert". Mas, "se você nunca foi engraçado antes, tentar começar a ser no ambiente de trabalho, o lugar mais importante onde você já esteve em toda a sua vida é uma péssima ideia", diz Adams, autor do livro "How to Fail at Almost Everything and Still Win Big" (Como fracassar em quase tudo e ainda sair como um grande vencedor, em tradução livre), lançado recentemente nos EUA. Fred Kilbourne diz que o seu talento para diálogos engraçados o ajudou na sua carreira de estatístico, tornando-o um palestrante procurado e participante de grupos profissionais do setor. "O trabalho de estatística pode ser muito maçante e chato, mas eu sempre procuro uma maneira de torná-lo um pouco mais leve", diz Kilbourne, de San Diego. "As pessoas dizem: 'Eu não sei quando você está brincando'". "Minha resposta sempre é: 'Se a minha boca está se mexendo, estou brincando'." Não que ele não tenha tido seus tropeços. Uma vez ele fez uma brincadeira no meio de uma discussão séria num comitê de risco de seguros de automóveis, levando um dos participantes a dizer: 'Sabe, estamos tentando fazer algo sério aqui, e isso não ajuda'", lembra Kilbourne. "Ele estava certo", diz. "Eu me comportei seriamente no resto da reunião." Os piadistas de escritório devem estar prontos para dar respostas rápidas, usar um tom caloroso e não serem sarcásticos, diz Michael Kerr, consultor e palestrante de humor no ambiente de trabalho que também escreveu diversos livros sobre o tema. Direcione a piada para você mesmo. Diga, por exemplo: 'Isso é ótimo. Eu precisava me estressar um pouco mais hoje'", diz Kerr. É importante também ler as nuances do humor e das atitudes dos colegas de trabalho para compreender o contexto correto das brincadeiras, diz Andrew Tarvin, um tipo de consultor de humor de Nova York. Adams diz que analisa a linguagem corporal dos ouvintes. Se eles ficam tensos, desviam o olhar ou apertam os olhos, não é um bom momento para fazer piadas. A maioria das pessoas conhece os temas que são tabus: piadas racistas, étnicas e sexistas são proibidas. Fora isso, o brincalhão deve considerar as consequências de uma piada que, por exemplo, apareça no Twitter ou no Facebook. Segundo Zach Ward, diretor da escola de teatro e de treinamento humorístico ImprovBoston, de Cambridge, no Estado de Massachusetts, muitos alunos procuram o local para desenvolver habilidades interpessoais que possam usar no ambiente de trabalho. Um colega de trabalho também pode dar continuidade à piada. "Se o sistema de som falha durante uma apresentação, por exemplo, o palestrante pode falar: 'Foi algo que eu disse?', enquanto outro funcionário pode alongar a brincadeira com 'Deve ter sido o seu humor eletrizante'." O humor de qualidade une as pessoas do escritório, geralmente por meio de brincadeiras compartilhadas ou piadas internas, diz Tarvin. Por quase três anos, funcionários da Silver Lining Ltd. participavam mensalmente de "dias de jargões corporativos", nos quais buscavam usar ao máximo uma linguagem vaga e burocrática, diz Carissa Reiniger, fundadora da empresa de consultoria de gestão com sede em Nova York. O objetivo: incitar o grupo a perder o hábito de usar jargões. Brincar ou provocar os colegas pode abrir espaço para as pessoas discordarem ou manifestarem críticas de uma forma lúdica, sem despertar raiva ou atitudes defensivas, diz Kevin Cruthirds, professor-assistente de gestão da Universidade do Texas e um dos autores de um estudo feito em 2006 sobre humor no ambiente de trabalho. Um chefe pode brincar com um funcionário sobre o gasto de US$ 80 no minibar de um hotel durante uma viagem de trabalho, passando um recado e ao mesmo tempo provocando risadas, diz ele. (Essa abordagem, porém, não deve ser usada em situações mais sérias que podem prejudicar a avaliação do desempenho de alguém ou a sua remuneração.) Um estudo divulgado no início deste ano na publicação britânica "Leadership & Organization Development" (Liderança e Desenvolvimento da Organização) afirma que executivos e gestores que usam humor autodepreciativo passam uma imagem mais acessível e humana a seus subordinados. Paul Spiegelman, um dos fundadores da BerylHealth, uma empresa do Texas de centrais de atendimento especializada na área médica, participa de vídeos anuais da empresa. Num deles, aparece se candidatando a uma vaga de cozinheiro e de projecionista de cinema porque ele "não se sente mais valorizado na empresa". Em outro ano, em uma paródia do programa de televisão "Dancing With The Stars" (Dançando com as estrelas), Spiegelman usa patins e roupas de toureiro e dança com o diretor operacional. Segundo ele, o humor derruba hierarquias e deixa a empresa mais plana, promovendo a lealdade e a produtividade dos funcionários. Recentemente, Spiegelman vendeu a empresa para a SteriCycle Inc., onde hoje ocupa o cargo de diretor de cultura organizacional. Fonte The Wall Street Journal. Narciso Machado - NCM Business Intelligence

20130820

Petrobras e Google são 'empresas dos sonhos' para jovens

A empresa dos sonhos dos jovens brasileiros teria a estabilidade, os salários e os benefícios da Petrobras, mas com a possibilidade de inovar e a infraestrutura do Google. Desde 2008, a estatal de petróleo e a multinacional de tecnologia disputam a preferência desse público, com placar favorável à primeira. Na mais recente edição da pesquisa "Empresa dos sonhos dos jovens", que ouviu 52 mil pessoas de 17 a 26 anos, a Petrobras foi novamente a campeã e o Google ficou com o segundo lugar (veja quadro ao lado). Na opinião de Maíra Habimorad, CEO da Cia de Talentos, que realizou o estudo com a Nextview People, ter duas organizações tão distintas - e escolhidas por razões tão diferentes - no topo do ranking não chega a surpreender. "Os jovens querem o melhor dos dois mundos e nem sempre entendem que junto com o bônus vem o ônus", afirma a consultora. Isso significa que é preciso fazer uma pesquisa profunda levando em conta, por exemplo, o alinhamento dos valores e dos princípios éticos. "Não adianta escolher onde se deseja trabalhar apenas por um determinado motivo. É preciso lembrar que, ao entrar em uma organização, você vai precisar comprar o 'pacote completo'." O resto da lista, no entanto, é bastante coeso e mais "realista". Isso porque praticamente todas as outras companhias que completam o 'top 10' como Itaú, Vale, Nestlé e Ambev foram escolhidas porque, na opinião dos jovens, oferecem aprendizado e desenvolvimento profissional, além de terem boa imagem no mercado. "São nomes bastante fortes, sólidos e tradicionais. Isso passa credibilidade, algo que a nova geração leva bastante em conta", afirma Maíra. O gerente de recursos humanos da Petrobras, Antônio Sérgio Oliveira Santana, afirma que embora as contratações na empresa sejam feitas por meio de concurso público, este reconhecimento é importante para atrair o interesse dos melhores. "Atuamos em um ambiente com tecnologia de ponta e desafios constantes. Assim, é difícil preencher algumas vagas", afirma. Em sua opinião, os jovens valorizam a capacitação constante na empresa, que investe pesado em centros de pesquisa, universidade corporativa e patrocínio de bolsas de estudo. Além disso, a estatal costuma levar alguns de seus profissionais para divulgar a companhia a alunos do ensino médio e superior. "São inúmeras as possibilidades de carreira internamente. Vamos até esse jovens para explicar o que fazemos e o que podemos oferecer a eles", diz. Já Mônica Santos, diretora de recursos humanos para a América Latina do Google, afirma que o jovem, de maneira geral, é ávido por informação, e este é um dos pontos mais fortes da cultura da companhia. "A relação com os funcionários é muito transparente. Mantemos um contato permanente com eles em reuniões, comitês e diversas outras iniciativas - e não só de cima para baixo". A executiva destaca que, além de desenvolver produtos inovadores, o Google atrai os jovens por ter uma postura moderna também no papel de empregador. "Definitivamente não somos uma organização tradicional. Incentivamos um clima mais informal e aberto, para que pessoas sejam elas mesmas e não precisem vestir uma máscara no ambiente corporativo. O objetivo é entregar resultados e, ao mesmo tempo, se divertir", diz. A edição de 2013 da pesquisa trouxe duas novidades em relação ao ano passado: PwC e Santander, que apareceram pela última vez no ranking em 2002 e 2006, respectivamente. João César Lima, sócio da PwC responsável pelo departamento de RH, afirma que a empresa contrata cerca de 500 trainees por ano e, quase sempre, trata-se do primeiro emprego desse pessoal. "Esse é um público fundamental para o nosso negócio. Tentamos ouvir esses jovens e criar um programa que seja atraente." A empresa, que atua na área de consultoria e auditoria, também tem a estratégia de visitar universidades para atrair os jovens. "Temos que explicar o que fazemos e o que oferecemos aos estudantes, pois não é um produto que eles podem encontrar no supermercado", diz Lima. O próprio executivo ingressou na companhia como trainee e, segundo ele, a oportunidade de desenvolvimento de carreira é o grande diferencial da PwC. "Somos conhecidos por formar talentos e as pessoas valorizam isso", afirma. Esse é o caso de Rafael Pacitti, trainee na companhia desde abril. Formado em engenharia, ele conta que sempre se sentiu atraído pela área de consultoria. Após pesquisar os grandes nomes do mercado, concluiu que na PwC teria a segurança e o suporte necessário para iniciar a carreira. "Existe um plano bem estruturado de aprendizado e desenvolvimento. Todos tem a mesma oportunidade de evoluir e crescer internamente, depende da sua disposição", afirma. Já o Santander intensificou diversas políticas de aproximação com o público jovem nos últimos anos, inclusive com projetos sociais e outros voltados à educação e sustentabilidade. De acordo com a superintendente de recursos humanos Fátima Gouveia, um exemplo é o portal Caminhos e Escolhas, que oferece conteúdo sobre qualificação profissional e orientação de carreira e já tem mais de 280 mil usuários cadastrados. "Os jovens reconhecem iniciativas como essa. Além disso, 45% dos funcionários do banco têm até 30 anos de idade e existe uma grande interação entre eles e os que participaram da pesquisa". Fátima destaca também que os jovens gostam do fato de o Santander ser uma instituição global, o que dá uma perspectiva internacional à carreira. Em 2012, 77% dos respondentes disseram ter uma empresa dos sonhos, índice que caiu para 60% este ano. Segundo Maíra Habimorad, da Cia de Talentos, uma das explicações é a grande quantidade de informações a que os jovens têm acesso, o que pode levá-los a ter uma visão crítica e menos idealizada das companhias. "Além disso, mais da metade dos participantes já está inserida no mercado de trabalho e tem contato real com o mundo corporativo", diz. Fonte Jornal Valor. Narciso Machado - NCM Business Intelligence

20130816

Um negócio 'bom pra cachorro': apps para animais de estimação ganham força

Anna Jane Grossman ensina cães a usarem iPdas em uma escola que abriu em Manhattan, em nova York. Numa aula recente em Nova York sobre como usar iPads, a instrutora tinha uma solução para estudantes distraídos: lambuzar a tela com pasta de amendoim. Um dos alunos, um cão de caça húngaro chamado DJ Sam, foi lá e lambeu tudo. A treinadora de cachorros Anna Jane Grossmann começou a dar aulas particulares de iPads para animais no ano passado. Uns 25 clientes se inscreveram e ela está planejando uma aula especial de iPads de 90 minutos no fim do mês, onde os cachorros vão aprender a ativar aplicativos com o focinho. "As pessoas sempre dizem, 'Ah, será que você pode ensinar meu cachorro a fazer as minhas transações bancárias?'", diz Grossman. Na realidade, "os cachorros não conseguem fazer muitas coisas úteis no iPad. Mas eu também não faço", acrescenta. Grossman faz parte de uma leva de empresários que está investindo em um negócio novo e de rápido crescimento para promover o uso de aplicativos para animais de estimação. Eles dizem que os aplicativos podem entreter animais que ficam sozinhos em casa, pode ensinar habilidades motoras importantes e até mesmo promover um comportamento mais social em animais solitários. Mas a ideia já tem sido alvo de críticas. Alguns dizem que não é justo, por exemplo, fazer um gato perseguir eternamente um rato que não pode ser capturado. "Sem ter uma captura bem-sucedida, acredito que a brincadeira vai deixar o gato muito nervoso, já que a brincadeira não terá um desfecho satisfatório", diz Pam Johnson-Bennett, especialista em comportamento felino. O nova-iorquino David Snetman experimentou deixar seu gato Pickle brincar com o iPad até ele se cansar. Mas uma hora depois, Pickle ainda continuava batendo na tela. Apesar do animal não ter mostrado sinais de cansaço, Snetman não quis mais permitir que ele brincasse com o aparelho. "Foi uma experiência muito frustrante para ele", disse. Os desenvolvedores de aplicativos descartam as críticas. As pessoas "têm conotações negativas de uma criança que fica horas e horas na frente da tela de uma televisão", diz T.J. Fuller, que ajudou a desenvolver o popular app "Game for Cats" (Jogo para Gatos). "Mas acredito que é bem diferente com os gatos," diz ele, acrescentando que os jogos representam um desafio físico e mental para os animais. Fuller e seu sócio Nate Murray desenvolveram o jogo depois de criar um app para crianças que fracassou. Agora, eles têm três aplicativos de iPad para gatos, incluindo um que permite que eless façam pintura na tela e o "Game for Cats", que incentiva os animais a tocar num ponto de laser, num rato ou numa mariposa passeando pela tela. Os aplicativos já foram baixados mais de um milhão de vezes, diz Murray. A versão básica é de graça, mas as outras são vendidas por US$ 1,99. "No início, achei que era ridículo, mas acabou sendo algo realmente importante para as pessoas", diz Murray, observando que algumas imprimem e exibem os quadros pintados por seus gatos e até os enviam a eles de presente. Hoje existe mais de uma dezena de apps criados especificamente para animais de estimação na loja do iTunes. Apesar dos cães e gatos serem os principais alvos, os jogos já foram utilizados por pinguins, tigres e rãs, dizem os desenvolvedores. Os pinguins, especialmente, parecem gostar muito do "Game for Cats", diz Fuller, mas "não acho que exista um grande mercado para isso". Os pinguins-de-Magalhães residentes do Pacific Aquarium, em Long Beach, na Califórnia, jogam o game com frequência, diz Dudley Wigdahl, curador de mamíferos e aves do aquário. Durante a sua primeira sessão de jogos em fevereiro, ele ficou surpreso ao ver os pinguins bicando vigorosamente a tela, tentando pegar o rato. "Eles conseguiram muitos", diz ele. "Eu não esperava tanto." Mas o sucesso traz desafios, como os imitadores, dizem Fuller e Murray. Logo depois que eles lançaram o jogo, a Friskies, fabricante de comida para gatos, lançou sua própria série de aplicativos para felinos. "Há uma rivalidade aí", diz Fuller, que continua criando novos jogos, como o "Catzilla", que permite que gatos destruam a paisagem de um centro urbano animado. Na Friskies, o maior sucesso até agora é um app chamado "Fishing Cat" (Gato Pescador), que ela diz que já foi baixado mais de 500.000 vezes. Sua nova versão, o "Cat Fishing 2", emite miados se o aplicativo sentir que o gato está perdendo o interesse e permite que seus proprietários compartilhem os resultados através de sites de redes sociais. Os jogos são gratuitos. A Friskies lançou sete jogos para iPad, utilizando sessões de teste com um "grupo de consumidores" formado por seis gatos. Alguns ficam obcecados com os jogos. Gary, um gato malhado de 11 anos, passa dias inteiros alternando entre 15 minutos de jogo e cochilos. Alguns aplicativos são mais sérios. Um abrigo de animais em Los Angeles começou a usar iPads como uma ferramenta terapêutica para seus gatos. "Eles desinibem os animais que são mais tímidos", diz Madeline Bernstein, presidente da Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra Animais de Los Angeles. Ela alerta, porém, que essas técnicas podem ter um efeito contrário: seus próprios gatos agora acham que o iPad é só deles. "Eles ficam constantemente me interrompendo" quando é a minha vez de usar o aparelho. Mesmo assim, o uso de iPads no abrigo ofereceu uma maneira de angariar fundos para a entidade. Os funcionários imprimiram pinturas feitas pelos gatos no iPad e fizeram cartões. Até agora, eles já venderam 600 cartões ao preço de US$ 5,99 cada, dando crédito aos gatos pintores Frida Katlo e Jackson Pawlick. Já os cachorros exigem uma abordagem diferente, diz Ben Kamens, que criou o "Game for Dogs" (Jogo para Cachorros) com um parceiro, Jason Rosoff. Eles simplificaram o fundo e criaram um contraste maior entre os animais virtuais e a tela. Eles fizeram testes com Phoebe, aYorkshire terrier de Rosoff. "Chegamos a um ponto que quando ela vê o iPad, ela surta, diz Kamens. "Ela deve achar que os animais estão dentro da tela." Fonte The Wall Street Journal. Narciso Machado - NCM Business Intelligence

20130805

Proteger usuário sem afetar lucros é desafio para Google

Em 2011, Larry Page, um dos fundadores e diretor-presidente do Google Inc., pediu a executivos da empresa que criassem uma nova ferramenta de privacidade, simplificada, que funcionaria como uma escala móvel. Ela permitiria ao usuário definir qual o nível de informações a seu respeito — mínimo, médio ou máximo — que autoriza ser coletado em todos os serviços do Google, e também até que ponto as informações seriam protegidas para não serem visualizadas por outros usuários. Depois de muita disputa e muitas tentativas de construir a ferramenta, semelhante a uma agulha num visor cujos três pontos principais foram apelidados de "kitten"(gatinho), "cat" (gato) e "tiger" (tigre), a ideia foi abandonada no ano passado, segundo pessoas a par do assunto. Como o Google tem muitos serviços de internet que funcionam de maneiras diferentes, os executivos acharam impossível reduzir os controles de privacidade a um número tão reduzido de categorias, disseram essas pessoas. Elas acrescentaram que além disso, permitir que as pessoas escolhessem a configuração de proteção máxima, a chamada "opção paranoia", iria contra os esforços mais recentes do Google para que mais usuários compartilhem suas informações pessoais na rede social Google+. As empresas de tecnologia costumam afirmar que se preocupam com a privacidade dos usuários e procuram protegê-los contra intrusões injustificadas do governo; no entanto, elas estão coletando e analisando volumes cada vez maiores de dados de usuários, e lucrando com isso. Para a maioria dos internautas, vale a pena fornecer dados pessoais em troca dos serviços de internet. Outros não desejam que sua vida on-line seja rastreada e analisada. A abrangência da coleta de informações do Google sobre os usuários de internet rivaliza com a de qualquer entidade, governo ou empresa. O gigante das buscas e anúncios na internet continua a expandir sua coleta e análise de dados, transformando sua missão de indexar o mundo todo, com seus habitantes e seus interesses, em um negócio de publicidade de uns US$ 50 bilhões anuais. Os executivos do Google também mantêm em segredo boa parte das suas práticas internas de manipulação de dados, temendo que discutir temas relativos à privacidade possa prejudicar a empresa junto aos consumidores, segundo pessoas que trabalharam na área de privacidade do Google. Mas há sinais de que está aumentando a pressão sobre o Google para que calibre a ênfase dada à privacidade do usuário. Prejudicados por alguns erros cometidos no passado relativos à privacidade, erros que geraram uma polêmica mundial, e agora sob supervisão regulatória mais estrita nos Estados Unidos e na Europa, os executivos estão envolvidos em amplos debates internos e, em alguns casos, atrasando o lançamento de produtos para atender às preocupações com a privacidade, segundo pessoas a par do assunto. Eric Grosse, diretor do Google para engenharia de segurança e privacidade, disse numa entrevista que a empresa se preocupa profundamente em proteger as informações pessoais dos usuários e tenta ser "o mais franca e aberta possível" sobre a forma como funcionam todos os intrincados mecanismos da internet. A cada hora, um usuário ativo do Google pode gerar centenas ou milhares de "eventos" de dados que o Google armazena em seus computadores, disseram pessoas a par desse processo. Esses eventos incluem as ocasiões em que as pessoas usam toda a gama de serviços do Google, que há muito coletam informações sobre as buscas que os usuários fazem privadamente na web. Incluem-se também os vídeos que as pessoas assistem no YouTube, site que recebe mais de um bilhão de visitantes por mês; os telefonemas que dão por meio do Google Voice ou a partir de quase um bilhão de smartphones com o sistema Android, do Google; e os torpedos que enviam via telefones Android e os e-mails via Gmail, que tem mais de 425 milhões de usuários. Se um usuário se registra para usar o Gmail e outros serviços, do Google, as informações coletadas aumentam e ficam vinculadas ao nome associado à conta. O Google pode então coletar informações sobre os endereços dos sites que a pessoa visita depois de pesquisar no Google. Mas mesmo que a pessoa visite os sites sem antes procurá-los no Google, a empresa pode coletar muitos endereços de sites visitados por meio do seu navegador Chrome, ou ainda se o site visitado for um dos milhões que têm instalados programas do Google, tais como o botão "+ 1". Os telefones baseados no sistema operacional Android e os Mapas Google podem coletar informações sobre a localização da pessoa ao longo do tempo. O Google também possui informações de cartão de crédito de mais de 200 milhões de proprietários de aparelhos com Android que já fizeram compras de aplicativos móveis, músicas ou livros em formato digital, disse uma pessoa a par do assunto. O Google não possui tantas informações relacionadas às pessoas pelo nome, individualmente, como tem o Facebook Inc., segundo alguns ex-funcionários do Google. (O Facebook anunciou que tem mais de 1,15 bilhão de usuários mensais ativos, embora a rede social tenha um número menor de funções e, portanto, capture menos tipos de dados que o Google.) Mas o Google vem estimulando os visitantes do site a usar serviços como sua rede social Google+, procurando assim recuperar o atraso nessa frente. A empresa continua tentando aprender mais sobre cada usuário individualmente, para poder prestar serviços personalizados. Um deles é o Google Now, que tenta fornecer informações antes mesmo que a pessoa as procure, como, por exemplo, enviando alertas sobre as condições do trânsito antes de uma reunião agendada. Expressa em 2.200 palavras, a política de privacidade do Google coloca poucas restrições quanto ao que pode coletar ou utilizar. Mais do que a maioria das empresas similares, o Google tem mostrado disposição para revelar aos usuários algumas das informações que já coletou sobre eles, recurso que se pode acessar por meio das contas do Google ou das configurações de privacidade. (Muito poucos internautas usam de fato essas ferramentas, segundo pessoas a par dessa utilização.) O Google também disponibiliza ao usuário uma lista de informações utilizadas para lhe direcionar anúncios, com base nos sites que o Google sabe que ele visitou e as informações que forneceu aos serviços do Google. As pessoas têm a opção de impedir que o Google direcione anúncios para elas baseados nesses dados. Mas análises mais estritas de questões de privacidade e atrasos nos lançamento são mais comuns agora, dizem pessoas a par do assunto. Criar o Google Now, um serviço para dispositivos móveis que começou a ser desenvolvido em 2011 e lançado em 2012, foi um drama, disse uma pessoa familiarizada com o processo. A equipe do Google Now teve que obter amplas permissões para conseguir dados vindos de diferentes grupos de produtos, como o Gmail e Google Search, disse a pessoa. Fonte The Wall Street Journal. NCM Business Intelligece - Narciso Machado

20130803

A verdade sobre a vida no escritório

Quando comecei a trabalhar em um escritório, no início da década de 1980, fumávamos em nossas mesas, martelávamos nossos textos em duras máquinas de escrever e na hora do almoço escapávamos até a cantina do escritório para comer uma torta de carne moída. Tudo o que venho escrevendo a partir de então sobre os escritórios modernos - os lugares sem fios, sem fumaça e silenciosos onde agora trabalhamos - é tingido por minhas lembranças de como eram as coisas no passado. No entanto, agora penso que meu senso de história era totalmente distorcido. Acabei de realizar uma série para a BBC Radio Four sobre os últimos 250 anos da vida em escritórios e descobri que metade das coisas que considerava novos modismos revelaram-se não ser, de forma alguma, novidades, ao passo que muitas coisas que considerava fatos eternos da vida em escritórios são realmente bastante recentes. Existem, porém, algumas constantes - como a paquera e o tédio -, assim como algumas coisas que desapareceram para sempre. A "tia da copa" que trazia o chá jamais retornará. As listas a seguir pretendem restabelecer a verdade. Seis modismos que não são novos 1- Trabalhar no Starbucks Esta tendência recente tem 350 anos de existência. O primeiro café londrino foi inaugurado em 1652, e foi um sucesso instantâneo entre os homens cuja ativide era vender seguros de navios ou que negociavam com açúcar ou com cabelo humano. Após 50 anos, havia 3 mil deles - uma taxa de expansão que faz a invasão da Starbucks na capital do Reino Unido parecer uma tartaruga. Há duas diferenças entre aquelas cafeterias e a versão moderna. O foco, à época, era frequentar para encontrar gente - hoje é para ficar sozinho com seu laptop. E a bebida predileta não era um frappuccino de caramelo com canela extra, mas uma bebida quente que, dizem, mais parecia um "xarope de fuligem com essência de sapatos velhos". 2- Trabalhar em casa As pessoas costumavam trabalhar em casa - não por causa da internet ou para poupar gasolina, mas porque não havia escritórios. Em 1762, quando o Barings estabeleceu sua sede na Mincing Lane, a atividade bancária acontecia no térreo, enquanto no andar de cima a senhora Baring criava dez de seus 12 filhos. Foi um tempo de funcionários polivalentes que também moravam no local, dos quais esperava-se que fossem igualmente habilidosos com os números quanto em desincumbir-se de tarefas cotidianas e distribuir o pão redondo com manteiga na hora do chá. 3- Pagar para ser estagiário Dos estagiários modernos espera-se não apenas que trabalhem sem remuneração, como também, por vezes, que tenham de pagar pelo privilégio. Mas 200 anos atrás esse tipo de coisa era rotineira. Quando um Charles Lamb adolescente conseguiu um disputado emprego no departamento de contabilidade da Companhia das Índias Orientais, teve de pagar uma fiança de 500 libras esterlinas como garantia de bom comportamento e encontrar dois patrocinadores que fizessem o mesmo, e então trabalhou durante dois anos sem receber nenhum salário. Isso lhe custou o equivalente a 140 mil libras, fazendo com que o estágio de uma semana na "Vogue" - arrematado por 42,5 mil libras em um leilão beneficente, no ano passado - pareça bastante razoável. 4- Café da manhã à mesa de trabalho Um jovem colega gosta de começar o dia com uma tigela de Fruit'n Fibre equilibrada sobre seu teclado. John Stuart Mill fez o equivalente 170 anos antes. Todos os dias, ele caminhava de casa, em Kensington, até seu escritório na Leadenhall Street, onde consumia um ovo cozido e uma xícara de chá à sua escrivaninha. A diferença era que o café da manhã de Mill era trazido por uma criada. Meu colega tem de encher ele próprio sua tigela de Fruit'n Fibre. Até o século XX quase não existiam gerentes. O Reino Unido atravessou a Revolução Industrial sem quase nenhum administrador. 5- Twitter O site de microblogging não inventou a comunicação sucinta. Isso foi inventado em 24 de maio 1844, quando Samuel Morse digitou o primeiro telegrama: "O que Deus fez!". O que Ele fez acabou revelando-se algo de fato bem grandioso, abrindo o caminho para a internet e levando Jack Dorsey a digitar, em 21 de março de 2006 o primeiro tweet: "Só estou compondo meu primeiro twttr". Não é de surpreender que, como exemplo de prosa, a mensagem de Morse tenha sido enormemente superior: os primeiros telegramas custavam o equivalente a US$ 25 por mensagem; ou seja, as pessoas não escreviam qualquer coisa velha. 6- E-mails destruindo a paz de espírito Nossos temores de que as mensagens de e-mail nos deixem estressados são precisamente os mesmos que tínhamos cem anos atrás, com o surgimento do telefone. Um artigo publicado na revista "Telephony" em 1913 informou que algumas pessoas ficavam histérica por terem de ficar permanentemente à disposição para atender chamadas telefônicas que chegavam com uma frequência inferior a uma por dia. E foram os telefones, e não o BlackBerry, que destruíram férias. Um anúncio de 1914 advertia homens de negócios para o fato de que um telefone os permitiria, enquanto pescassem trutas durante suas férias, manterem-se em contato com o que estava acontecendo no escritório. Seis coisas que são novas 1- Gestores Até o século XX quase não existiam gerentes. O Reino Unido atravessou a Revolução Industrial sem quase nenhum administrador. Em vez disso, havia proprietários, capatazes e supervisores. A palavra "gerente" somente foi usada em seu sentido moderno a partir de cem anos atrás. Mas agora há 5 milhões deles no Reino Unido - dez vezes mais do que em 1911. Sem gerentes, a vida em escritório, como a conhecemos, simplesmente não existia: quase não havia reuniões, memorandos e não havia necessidade de "alavancar" ou "fornecer soluções". 2- Gostar de seu trabalho A noção de que as pessoas gostavam de seu trabalho era inaudita. Mill, que tinha um emprego confortável na East India Company, evidenciava uma atitude mais positiva do que a maioria das pessoas, mas até mesmo ele considerava o trabalho como "efetivamente um descanso das outras ocupações mentais que exerço simultaneamente". Na época vitoriana, funcionários em escritórios parecem ter sido permanentemente infelizes. Um deles, em 1907, refere-se a colegas como "miseráveis movedorezinhos de canetas em casacas negras com os dedos manchados de tinta e fundilhos reluzentes". Eles sentavam-se em banquetas desconfortáveis, trabalhavam em lugares úmidos e eram propensos a pegar tuberculose - ou ficar com dor nas costas. 3- Mulheres Mulheres em escritórios foram uma inovação do século XIX, introduzidas como uma experiência para lidar com a crescente carga de trabalho, mas tornaram-se um enorme sucesso. Elas eram baratas, e não precisavam ser promovidas, porque, tão logo casavam-se, deixavam o trabalho e eram substituídas por alternativas mais baratas. Até a Primeira Guerra Mundial, "funcionárias do sexo femininio" tinham entradas, escadas e salões de refeições separados. Trabalhavam muitas vezes atrás de biombos e, em alguns casos, em gaiolas, para assegurar que sua moral permanecesse imaculada. No Barclays, elas eram autorizados a subir à cobertura na hora do almoço, onde caminhavam e entoavam a canção da empresa. Havia apenas um privilégio desfrutado pelas funcionárias hoje não disponíveis: elas eram autorizados a tricotar em períodos de ociosidade.
4- Competência Ser adequado ao seu trabalho é uma invenção relativamente nova, pelo menos no setor público. Em meados do século XIX, a administração pública era recheada de idiotas irrecuperáveis, lá colocados por parentes. Uma avaliação parlamentar de 1855 faz referência "aos mais débeis filhos de algumas famílias, afortunados por uma nomeação, sim, e outros também, mentalmente ou fisicamente incapacitados, são admitidos ao funcionalismo público". Mas vieram as reformas da década de 1870 - e a ideia revolucionária de que, para conseguir um emprego, o candidato precisava não apenas não babar na gravata, como também dominar um pouco de matemática e, igualmente, latim. 5- Jargão Quando o estilo de gestão era do tipo comando e controle, não havia necessidade de jargão. Para dispensar pessoal, não se dizia "descontinuar", como fez o HSBC, recentemente. William Lever, fundador da empresa de sabonetes Lever Bros, escreveu sem rodeios sobre como, na década de 1920, ele livrou-se de "homens ineficientes, e homens muito bem pagos, homens idosos já incapazes de desempenhar suas incumbências. Estou confiante em que isso produziu um estado de medo nas mentes dos remanescentes por sugerir que, se não forem eficientes, a vez deles também chegará". 6- Roupas casuais A equipe que trouxe o Macintosh, da Apple, ao mercado em 1984 não se limitou a surpreender o público com seu produto, mas também com suas roupas: estavam todos vestidos com capuzes cinza. Até então, todo mundo vestia-se para trabalhar. Em "As Aventuras do Sr. Pickwick", Charles Dickens descreve: "Primeiro, despe o paletó preto que dura o ano todo, e enverga outro, que já cumpriu seu dever no ano anterior, e que ele mantém à sua mesa para poupar o outro". Na década de 1970, a virtude do traje elegante foi comprovada cientificamente: de acordo com o best-seller "Dress for Success" (como vestir-se para ser bem-sucedido): as secretárias de homens que usavam camisas de manga curta atrasavam-se para o trabalho 12% mais do que as dos homens em mangas compridas. Seis coisas que são eternas 1- Luxúria Isso é bem anterior à invenção de funcionários do sexo feminino. Como Samuel Pepys escreveu em seu diário em 30 de junho 1662: "Acordei cedo e fui para o escritório, onde encontrei a garota de Griffen limpando-o, mas, Deus me perdoe! Como a desejava, mas não me envolvi com ela". Quando as mulheres chegaram aos escritórios, muita coisa começou a acontecer, e muitas vezes terminou muito mal mesmo. Em 1958, Connie Nichols, secretária na Eli Lilly, manteve um longo caso com seu chefe, mas quando descobriu que tinha sido substituída por uma modelo mais jovem, deu um tiro nele. 2. Falar mal de colegas Ridicularizar colegas de trabalho parece ser uma necessidade básica das pessoas que trabalham em escritórios. Lamb compôs um dístico sobre um colega particularmente obtuso chamado Ward: "O que Ward sabe, só Deus sabe; mas sabe lá Deus o que Ward sabe!". Embora a necessidade seja constante, o modo de execução mudou - ditos espirituosos foram, desde então, substituídos por brincadeiras de mau gosto em redes sociais. Eu mantenho minha previsão de que o escritório sem papel só será realidade depois dos banheiros sem papel. 3- Prêmio de beleza Ser alto, falar baixo e agradável aos olhos sempre foi uma vantagem. Verificou-se que os executivos-chefe contemporâneos nos Estados Unidos são 2,5 polegadas mais altos do que o homem médio, e inúmeros estudos têm mostrado que os mais bem- apessoados têm maior taxa de sucesso. Cem anos atrás, a menção do "fator beleza" era explícito: no Bank of Scotland, no fim do século XIX, funcionários eram "removidos da vista", em virtude da "baixa estatura", ter uma "voz meio esquisita" ou por "suas orelhas de abano e cabelo ruivo". 4- Políticas mesquinhas Em minha vida profissional, algumas das mudanças mais impopulares focaram mordomias insignificantes, como biscoitos grátis. Na Companhia das Índias Orientais, em 1817, houve uma gritaria geral quando a festa de Natal - a "festa anual da tartaruga" - foi suprimida. Ainda pior foi uma nova iniciativa que exigia uma assinatura a cada 15 minutos durante o dia inteiro. Uma política que faz parecer laisser-faire a insistência de Marissa Mayer em que o pessoal do Yahoo compareça ao trabalho. 5- Slogans motivacionais Na moderna sede do Facebook em San Francisco, as paredes são cobertas de avisos dizendo: "O que você faria se não estivesse com medo?". No edifício Larkin Soap, em Buffalo, também bastante modernoso à época de sua inauguração, em 1907, o arquiteto Frank Lloyd Wright mandou esculpir nas paredes: "Pensamento, sentimento, ação". Esses slogans não se revelaram excepcionalmente bem-sucedidos: a Larkin Soap faliu. 6- Papel É famosa a previsão da "Businessweek", em 1975, segundo a qual os escritórios iriam funcionar sem papel, mas nos 25 anos seguintes o volume de papel usado nos escritórios continuou crescendo. Embora estejamos agora abandonando um pouco o hábito, o trabalhador médio ainda gera 1 quilo de papel por dia. Eu mantenho minha previsão de que o escritório sem papel só será realidade depois dos banheiros sem papel. Seis coisas que nunca voltarão 1- Livros registro O fim dos livros de registro foi, possivelmente, a melhor notícia que os escritórios já receberam. O sistema baseado no registro de informações em ordem cronológica significava que nenhuma informação podia ser recuperada. A invenção do arquivo para pastas suspensas, em 1868 - permitindo que as coisas fossem arquivadas em ordem alfabética - foi, provavelmente, um passo maior para a economia baseada em conhecimento do que o computador.
2- Um cemitério de equipamentos Coisas como canetas de pena, papel mata-borrão, máquinas de escrever, máquinas de somar, computadores de grande porte, editores de texto e máquinas de fax já se foram todos, ou estão indo. 3- Ruído O fim do som de metal batendo das máquinas de somar, de máquinas de escrever e dos estridentes telefones de baquelite significou o fim do ruído. Agora, há apenas a leve batida nos teclados e a educada vibração dos celulares. Texto substituiu falação. A ironia é que, contra todo o silêncio perturbador, o que começamos a fazer? Usar fones de ouvido. 4- Cigarros Essa era a droga perfeita nos escritórios e um lubrificante social. Nos tempo de Dickens, em vez de cigarros, era a vez do rapé: "O funcionário sorriu quando enquanto fez o comentário e inalou uma pitada de rapé com um entusiasmo que parecia ser intensificado pela mescla de paixão pelo rapé e antecipação do prazer de cobrar uma taxa". Nas burocracias, o prazer da cobrança de taxas sobreviveu ao apego ao cigarro, que foi expulso dos ambientes de trabalho, consumido apenas por uma minoria obstinada na calçada à frente do prédio. 5- Privacidade Trabalhadores subalternos sempre trabalharam em salões sem divisórias, enquanto os gerentes tinham suas própria salas - até a década de 1960 e um movimento alemão denominado Bürolandschaft removeu as paredes e colocou vasos de plantas em seu lugar. A partir de então, o avanço dos "planos abertos" continuou, e, apesar de os executivos conseguirem manter suas próprias salas, as paredes agora são feitas de vidro. Assim, quem quiser um encontro reservado é obrigado (a) a sair do aquário e ir à escada. 6- A "tia da copa" Em 1666, a mulher do responsável pela casa da East India Company começou a fazer chá para os diretores e assim nasceu o papel da "tia do chá". Nos 300 anos seguintes, ela foi uma figura "cult" na maioria das empresas, com seu grito de boas-vindas: carrinho. Em 2003, Isa Allan, uma "senhora da copa" na Scottish Enterprise, recebeu uma condecoração da rainha por ser o "coração e alma" do lugar. Porém, até mesmo a rainha não foi capaz de deter o avanço da mecanização, da terceirização e dos cortes de custos: a "tia" do chá foi substituída pela máquina de café, pelo bebedouro e pela rede de fast-food Pret a Manger - e nenhuma das alternativas é tão competente. Por Lucy Kellaway | Do Financial Times. (Tradução de Sergio Blum) NCM Business Intelligence - Narciso Machado

20130725

A delicada arte de aumentar preços

Como fazer o consumidor pagar mais por seus produtos? É uma questão com que nenhuma empresa quer lidar. Ao aumentar os preços numa economia fraca, elas se arriscam a alienar clientes de que tanto precisam e ficar vulnerável à concorrência. Ainda assim, elas não têm muita escolha. O custo de fabricação e distribuição de produtos de consumo vem crescendo já há algum tempo. E muitas das outras estratégias para diminuir custos, como a terceirização, estão ficando menos eficazes em termos econômicos e mais impopulares em termos humanos. Repassar custos e manter os consumidores satisfeitos ao mesmo tempo é um equilíbrio delicado — mas factível. As empresas devem resistir à tentação de cortar promoções e camuflar aumento de preços, tiros que geralmente saem pela culatra. Em vez disso, elas devem tentar minimizar o impacto sobre os consumidores mais sensíveis aos aumentos, dando a eles descontos específicos e oferecendo versões diferentes dos seus produtos em vários níveis de preço. Eis aqui uma relação de coisas que as empresas não deveriam fazer — mas que acabam fazendo — juntamente com algumas alternativas inteligentes para aumentar preços. Não corte promoções A princípio, parece uma boa ideia. Um preço mais alto fica óbvio assim que alguém pega o produto da prateleira. Então, por que não manter os preços e fazer algo que talvez nem seja notado: eliminar os cupons, ofertas e outras promoções? O problema é que os consumidores prestam atenção, sim. Nossas pesquisas mostram que eles dão mais importância a ofertas do que mesmo as mais sofisticadas empresas se dão conta. Nos anos 90, a Procter & Gamble Co. cortou promoções substancialmente, num experimento que nossas pesquisas mostraram que deu errado. Após passar anos perdendo participação de mercado, a empresa voltou atrás. (A Procter não quis comentar.) Não diminua a qualidade Empresas às vezes tentam cortar custos reduzindo a qualidade de sua melhor linha de produtos. Ou elas mantêm a marca principal com alta qualidade e lançam uma outra de preço e qualidade baixos — para satisfazer clientes com um orçamento mais apertado. Mas a iniciativa tem grandes chances de dar errado. As pessoas podem muito bem comprar a marca mais barata, de modo que as vendas da marca principal vão acabar sofrendo. Pior ainda, a empresa pode não deixar claro que a marca alternativa não tem a mesma qualidade. As pessoas podem comprá-la, ficarem decepcionadas e abandonar a linha de produtos por inteiro. Outra medida que geralmente dá errado: diminuir a quantidade de produto numa embalagem semelhante e cobrar o mesmo preço. Ou seja, o preço é o mesmo, mas o preço por unidade aumenta. Isso não costuma funcionar por dois motivos. Primeiro, a maior parte do custo de um produto embalado típico vem da embalagem, transporte e outras elementos da fabricação — não do produto propriamente dito. Assim, diminuir a quantidade do produto não garante que as margens de lucro serão preservadas. Segundo, as pessoas podem se sentir enganadas quando descobrirem que a quantidade diminuiu. E hoje as redes sociais oferecem um meio fácil de expressar frustrações desse tipo. Menos pode até vir a ser mais, mas somente se as empresas puderem atribuir uma virtude ao produto reduzido e cobrar por ela. Por exemplo, a versão menos calórica, em saquinhos, do famoso biscoito Oreo, da Nabisco. Saiba aumentar preços Então, qual é a maneira mais efetiva de elevar os preços? Primeiro, as empresas não podem aumentar os preços todos os dias. Assim, quando o fizerem, elas têm que cobrir não só todos os custos que tiveram até aquele ponto, mas também aqueles que preveem que terão pela frente. As empresas devem também, na medida do possível, explicar ao consumidor a razão do aumento, sejam ingredientes mais caros ou custos de transporte maiores. Aguarde uma oportunidade Outra consideração importante: o momento. É melhor aumentar preços quando lançar um novo produto, por exemplo. Novos produtos geralmente trazem melhorias que podem justificar preços mais salgados. E não perca de vista a concorrência. Em vez de esperar para ver quem aumenta preço primeiro e continuar sofrendo a pressão dos custos, o líder de mercado deve tomar a iniciativa numa hora adequada e dar aos outros uma chance de aumentar seus preços também. Da mesma forma, as empresas que não dominam o mercado devem seguir o líder rapidamente. Será a sua melhor chance de aumentar preços e cobrir seus custos. Dê a eles o bom e o melhor Em vez de criar marcas de baixa qualidade, as empresas devem "desmembrar" as características dos seus produtos e deixar os consumidores pagarem pelos acessórios que quiserem. Um exemplo é o iPad Mini, da Apple, que varia de preço dependendo do tamanho de memória e da conectividade. O iPad Mini básico de forma alguma tem uma qualidade menor. Ele funciona muito bem para pessoas que só querem usar navegadores e emails numa rede Wi-Fi. A versão básica é uma opção competitiva para consumidores sensíveis a preços e que poderiam, de outra forma, escolher um produto concorrente mais barato. Ter uma versão intermediária entre a básica e a top de linha também pode levar consumidores já interessados no produto a optar por uma versão mais cara. Se um pessoa, por exemplo, planejava comprar um Ipad Mini e só existissem os modelos de US$ 329 e US$ 659, seria menos provável que ela optasse pela mais cara. Mas como há também um modelo de US$ 459, ela poderia achar mais razoável. Torne o produto valioso Finalmente, é importante que as empresas façam seus produtos valer mais para que os consumidores aceitem melhor um aumento de preço. Consumidores formam ideias sobre o quanto uma empresa geralmente cobra e quanto o produto vale em relação com produtos rivais — um conceito chamado preço de referência. Eles avaliam um produto com base na diferença entre o preço pedido e o preço de referência que têm em mente. Uma forma de elevar o preço de referência é juntar produtos. Por exemplo, uma fabricante de produtos para a pele pode reunir vários itens numa única embalagem, chamar o produto de "conjunto para spa" e cobrar um preço mais alto. A ideia é levar o consumidor a comparar o preço com um dia num spa, ou seja, elevar o preço de referência, em relação ao qual o preço do produto seja uma pechincha. Ailawadi é professor de marketing da faculdade de administração Tuck, da Dartmouth. Farris é professor de comunicação da faculdade de administração Darden, da Universidade de Virginia. Fonte The Wall Street Journal. NCM Business Intelligence - Narciso Machado