20120115

PepsiCo planeja nova investida para promover refrigerantes

Indra Nooyi, diretora-presidente da PepsiCo.
Uma análise estratégica na PepsiCo Inc. deve resultar, muito provavelmente, em uma renovada campanha de marketing para dar impulso ao seu negócio central, o de refrigerantes — e também a acentuados cortes de custo para pagar por ela — e não em uma reprimenda à diretora-presidente Indra Nooyi ou qualquer iniciativa drástica, como um desmembramento da empresa.

A PepsiCo vai anunciar os resultados dessa análise, que vem sendo feita há meses, no início de fevereiro. Em uma entrevista, James Schiro, um dos diretores independentes da PepsiCo, falando em nome do conselho, disse que Nooyi conta com o apoio de seus membros. "O conselho apoia Indra e a diretoria, e acredita em sua capacidade de executar nossa estratégia e visão para criar valor para os acionistas", disse ele.

Esse tipo de apoio é mais difícil de encontrar em Wall Street. A frustração dos investidores tem aumentado a pressão sobre Nooyi e alguns acionistas estão pedindo uma cisão da fabricante de salgadinhos e refrigerantes, que registra vendas anuais de mais de US$ 60 bilhões.

Embora a PepsiCo possua 19 marcas — incluindo o refrigerante Pepsi, o suco de laranja Tropicana, as batatas fritas Lay's e a aveia Quaker — as vendas de refrigerantes vêm caindo, os lucros não alcançaram as metas e a ação perdeu 1% durante os cinco anos de mandato de Nooyi.

Um desmembramento da empresa parece improvável, embora o conselho tenha estudado a ideia.

Um paliativo mais provável seria a PepsiCo cortar centenas de milhões de dólares em custos, incluindo a eliminação de milhares de empregos, e aumentar o orçamento de marketing para sua enfraquecida divisão de refrigerantes na América do Norte em cerca de 20% este ano, para injetar mais vida em marcas como a Pepsi, depois de ficar muito atrás da Coca-Cola nos investimentos em marketing nos últimos anos.

Em novembro, o conselho e a diretoria decidiram prolongar a análise do plano de negócios para 2012 "e mais além'', depois de inicialmente prometer um relatório atualizado aos investidores sobre suas perspectivas ainda no início de dezembro. A análise é" rigorosa'' e várias opções estão sendo consideradas, segundo pessoas a par do assunto.

A PepsiCo reduziu sua perspectiva de lucro duas vezes no ano passado, culpando a alta das commodities e um clima difícil para o consumo.

Os críticos também acusaram a diretoria — e Nooyi em especial — de se concentrar demais nos últimos anos no desenvolvimento de produtos nutritivos, em detrimento da sua grande divisão de refrigerantes, que tem perdido mercado para a rival Coca-Cola. A Pepsi não só está atrás da Coca-Cola, o refrigerante mais vendido no mundo, como recentemente foi ultrapassada também pela Diet Coke nos Estados Unidos.

Nooyi, que se tornou diretora-presidente em outubro de 2006, tem feito esforços para mais que dobrar a receita de PepsiCo vinda de produtos "saudáveis", como os iogurtes e o humus Sabra, com a meta de alcançar US$ 30 bilhões em 2020.

"Os resultados da empresa têm deixado os investidores perplexos, sem saber se a visão [de Nooyi] tem ajudado" a PepsiCo, disse Ali Dibadj, analista da Sanford Bernstein. "Não se pode tirar os olhos da bola, e parece que é isso que a diretoria tem feito.''

Embora a ação da PepsiCo tenha perdido terreno em relação aos cinco anos passados, a ação da Coca-Cola, que vende apenas refrigerantes, subiu 51% no mesmo período, para US$ 67,57.

A PepsiCo não quis liberar Nooyi ou outros executivos para dar entrevistas, citando a análise de estratégia em andamento. Em um comunicado, a PepsiCo disse que seu conselho "tem se envolvido totalmente'' na análise dos negócios e que a diretoria está "empenhada em maximizar o valor para os acionistas''.

Nooyi, de 56 anos, já descartou em outras ocasiões rumores de que prestou muito pouca atenção aos negócios de refrigerantes da empresa. Ela também afirma que os produtos mais saudáveis, feitos com grãos, frutas e laticínios garantirão crescimento de longo prazo, à medida que mais consumidores evitam bebidas açucaradas e salgadinhos. Fonte The Wal Street Journal.

Narciso Machado

NCM Business Intelligence

Nenhum comentário: