20120209

Pouca idade e muito poder na diretoria das empresas

A entrada da Facebook Inc. no mercado de ações será acompanhada de muitos superlativos. Mas nenhum aspecto da empresa é tão excepcional quanto a idade de seu fundador e diretor-presidente, Mark Zuckerberg, de 27 anos. Assim que a Facebook abrir seu capital, Zuckerberg se tornará o mais jovem diretor-presidente da lista das 1.000 maiores companhias americanas compilada pela revista "Fortune", segundo análise feita para o The Wall Street Journal pela firma de recrutamento Korn/Ferry International. Apenas quatro executivos com menos de 40 anos comandaram as empresas que compõem o índice Standard & Poor's 500 entre 2004 e 2008, segundo um estudo da firma de recrutamento Spencer Stuart. A idade média dos diretores-presidentes que entraram nas companhias do S&P 500 era de 52,9 anos em 2010, e de 54,7 anos em 2006, informa o grupo de pesquisas de mercado Conference Board. As empresas de tecnologia colocaram uma leva de executivos jovens nos postos de comando nos últimos anos, incluindo o diretor-presidente da Google Inc., Larry Page. Oito das 42 empresas de tecnologia e internet que abriram o capital em 2011 eram lideradas por executivos com menos de 40 anos, segundo análise da firma de mercados de capital Dealogic. Elas includem Andrew Mason, da Groupon Inc., que tinha 30 anos, e Spencer Rascoff, do site imobilário Zillow Inc., que tinha 35. Gary Wei Wang tinha 38 anos quando o provedor chinês de vídeos on-line Tudou Holdings Ltd. abriu seu capital no ano passado. A ascensão desses jovens está reavivando as discussões sobre o valor da juventude na tomada de decisões corporativas. O debate geralmente põe, de um lado, os benefícios da criatividade e a familiaridade com tecnologias emergentes e, de outro, a necessidade de disciplina para tomar decisões e experiência para lidar com dificuldades. O teórico da administração Vivek Wadhwa argumenta, num ensaio recente, que a obsessão do Vale do Silício com a juventude pode ajudar a explicar o surto recente de maus resultados das empresas novatas. Ele chegou a essa conclusão depois de estudar mais de 500 empresas de tecnologia e engenharia com vendas acima de US$ 1 milhão e pelo menos cinco empregados. Wadhwa verificou que a idade média dos fundadores dessas empresas de sucesso era de 39 anos, e que havia o dobro de fundadores com mais de 50 anos de idade do que com menos de 25. A experiência, ele concluiu, supera a juventude mais vezes do que pensamos. "A idade proporciona uma clara vantagem", escreveu ele. Ben Horowitz, da firma de investimento de capital Andreessen & Horowitz, apresentou um contra-argumento num longo texto no site da firma, em 2010. No post, ele explicou que preferiria investir em empresas lideradas por seus fundadores, que tendem a ser mais jovens, porque eles são melhores para descobrir produtos inovadores. Eles são piores que executivos experientes para extrair lucros desses produtos, admitiu ele, mas retorquiu que essa é uma habilidade fácil de ensinar. James W. Breyer, um diretor da Facebook que trabalha junto com Zuckerberg, disse que a idade importa cada vez menos. "Habilidades, paixão, curiosidade intensa e um QI extremamente alto são mais importantes", acrescentou ele. Depois que a Facebook abrir seu capital, acionistas também passarão a avaliar a maturidade de Zuckerberg. A juventude do seu diretor-presidente manifestou-se em algumas ocasiões, nos primeiros anos da empresa. Quando os usuários reagiram negativamente ao lançamento do "Feed de Notícias" no site do Facebook, em 2006, que agrega todas as atividades dos usuários e que foi chamado de "perseguição virtual", Zuckerberg, em comentários no blog da empresa que muitos consideraram arrogantes, disse aos usuários para se "acalmar" e "respirar". Desde então, ele aprendeu com aqueles erros, desculpando-se com os usuários e se comprometendo a respeitar a privacidade deles. Um porta-voz da Facebook não quis comentar. Zuckerberg também tentou amadurecer de maneiras mais óbvias. Ele já não usa seus famosos chinelos Adidas e, desde que chegou ao Vale do Silício, procurou conhecer líderes mais experientes, como Paul Otellini, da Intel, e Bill Gates, da Microsoft, pedindo-lhes conselhos sobre como conduzir a empresa. Numa entrevista ao WSJ em outubro, Zuckerberg disse que a maior lição que ele aprendeu, durante os oito anos que está à frente da Facebook, foi como gerenciar equipes e motivar empregados. "Estamos realmente ficando bons em descobrir que tipos de pessoas serão capazes de fazer coisas diferentes", disse ele. "Isso é algo com que eu não tinha a menor experiência quando estávamos crescendo de uma empresa de 50 a 100 pessoas para onde estamos agora." O debate sobre a juventude no comando não está limitado à indústria de tecnologia. Michael Reger usou US$ 3 milhões levantados com amigos e parentes para ser um dos fundadores da Northern Oil & Gás em 2006, quando ele tinha 30 anos. Seu plano era explorar petróleo na formação Bakken, um campo nos EUA que estava nos limites do explorável pelos padrões da indústria petrolífera de então. Mas a produção disparou nos anos seguintes graças a arrojados pioneiros, que usaram novas tecnologias para abrir vastas reservas de petróleo, antes consideradas compactas demais para explorar. O pai de Reger tentou com veemência demovê-lo da empreitada. Ele havia visto os negócios da família de exploração mineral quebrar nos anos 80. Michael fez algo "de que ninguém havia ouvido falar e que era muito arriscado para nós mais velhos", disse o pai de Reger. Mas o jovem executivo não tinha a mesma aversão a apostar. "Acabou sendo uma das nossas maiores vantagens", disse Reger sobre a sua juventude. "Não tivemos medo de empregar nosso capital naqueles campos, porque nunca havíamos sido atingidos antes pelo ciclo do petróleo." Fonte The Wall Street Journal. Narciso Machado NCM Business Intelligence

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