20120203

Não serão as fábricas que vão reduzir o desemprego nos EUA

"Mais operários!” Este é um slogan de campanha que tanto os democratas como os republicanos estão de acordo. Só tem um problema. Os empregos no setor industrial americano estão em uma tendência de queda estrutural e isso não pode ser mudado por uma política de governo. As indústrias estão usando a produtividade, e não trabalhadores extras, como forma de aumentarem seu nível de produção. A mão de obra americana é cara comparada com a dos mercados emergentes. A única forma das indústrias americanas competirem globalmente é através da redução do número de trabalhadores envolvidos na produção. É claro, muitas fábricas não funcionam sem operários e o nível de emprego na indústria se recuperou um pouco desde o auge da recessão, quando as companhias de todos os setores reduziram suas folhas de pagamento. Mas mesmo as recentes contratações não chegam nem mesmo perto do ritmo de recuperação da produção, que vem sendo sustentada pela demanda de exportação e doméstica. De acordo com o relatório sobre a produtividade do trabalhador americano no quarto trimestre, divulgado nesta manhã pelo Departamento de Trabalho, a produção industrial recuperou 15% desde o nível mais baixo registrado durante a recessão em 2009. Porém, a produtividade respondeu por quase todo o ganho na produção, com um crescimento de 10,7%. A jornada de trabalho mais longa respondeu por quase todo o resto. O nível de emprego ficou virtualmente estável. A maior eficiência permitiu uma queda acentuada no custo unitário da mão de obra. A redução no custo, por sua vez, manteve um teto sobre os preços de venda, permitindo aos produtores americanos competir nos mercados globais e defender sua participação nos gastos domésticos. EMPREGOS PARA A CLASSE MÉDIA Os políticos, como o presidente Barack Obama e o pré-candidato republicano Rick Santorum, estão tentando ressuscitar o tempo quando os empregos industriais se tornaram um trampolim para a classe média. Milhões de trabalhadores graduados no ensino médio encontravam trabalho imediatamente nas fábricas. Eles produziram as máquinas, aço e os produtos têxteis da nação. Eles ganharam o suficiente para comprar as roupas feitas nos Estados Unidos e que deram suporte a mais empregos industriais. A partir da década de 1980 esse modelo econômico foi desmantelado pela concorrência global, mudança tecnológica e obsolescência de algumas indústrias. O número de empregos industriais americanos encolheu de um auge de 19,4 milhões, em 1979, para apenas 11,7 milhões em 2011. O setor industrial responde hoje por apenas 8,9% da folha de pagamento total, bem abaixo da participação de 21,6% em 1979. As escolas de ensino médio, no entanto, ainda forma milhões de jovens que não vão para a faculdade e precisam encontrar empregos que paguem um salário de classe média. Alguns deles vão encontrar uma vaga no setor industrial. Mesmo o relatório do mercado de mão de obra janeiro – que será divulgado nesta sexta-feira – pode mostrar um aumento no número de empregos industriais. Afinal de contas, os Estados Unidos ainda são uma potência industrial. Mas o combustível que move esse motor é principalmente a produtividade. Atrelar nosso futuro econômico à reedição dos empregos industriais é algo temerário. Os Estados Unidos precisam proporcionar treinamento para que a vasta maioria de novos trabalhadores encontre empregos bem remunerados fora do chão das fábricas. Fonte Jornal Valor. Narciso Machado NCM Business Intelligence

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