20110718

Máquinas pesadas chegarão à região pelo novo porto

Atual porto tem baixa profundidade, o que dificulta a navegação das embarcações que trarão caminhões e máquinas
O mesmo rio que vai gerar a energia de Belo Monte será um dos principais modais logísticos para transportar as milhares de máquinas para a construção da hidrelétrica. A primeira leva de equipamentos que serão usados para apoiar as operações de terraplenagem dá uma ideia do que vem pela frente. Nos próximos meses está prevista a entrega de 700 máquinas, entre caminhões articulados, tratores de esteira, pás carregadeiras, escavadeiras, rolos compactadores, motoniveladoras e retroescavadeiras. A maior parte dessa parafernália toda virá pelo rio. A complexidade da operação atraiu a visita do presidente mundial da americana Caterpillar, Stu Levenick, que esteve em Altamira para ver o projeto de perto. Não por acaso. Belo Monte é hoje o maior contrato da fabricante em todo o mundo.
Hoje o pequeno porto instalado no município de Vitória do Xingu tem sido usado para receber os primeiros equipamentos comprados pelo consórcio construtor de Belo Monte, liderado pela Andrade Gutierrez. A baixa profundidade do rio neste porto, no entanto, impede que tudo seja despachado por ali.
"Algumas peças pesam 300 toneladas, por isso precisamos de profundidade. Vamos construir um novo porto no Xingu, num local que poderá receber material todos os dias do ano", diz Luiz Fernando Rufato, diretor de construção do consórcio Norte Energia. O projeto do novo porto já está pronto e aguarda licenciamento da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado do Pará (Sectam) para ser construído.
O maior desafio para se transportar equipamentos pelo rio é a sua variação de profundidade. Se pela estrada o problema é encarar centenas de quilômetros de terra e buraco, no Xingu a questão é lidar com as oscilações das águas. Em períodos de cheia, entre os meses de dezembro e junho, o Xingu já chegou a jorrar 32 mil metros cúbicos de água por segundo. Na baixa, de julho a novembro, chegou a ter apenas 440 metros cúbicos por segundo. Na média, todos os anos seu nível mais baixo chega a ficar abaixo de mil metros cúbicos por segundo. "Temos de lidar com isso. Quando se fala de janela hidrológica, não é brincadeira. Nessa região você trabalha seis, sete meses por ano. O resto do tempo é procurar um jeito de trabalhar", diz o diretor da Norte Energia.
A mudança no nível de vazão é tão forte que a usina de Belo Monte passará praticamente quatro meses do ano com as 18 turbinas de sua casa de força principal desligadas e em manutenção, operando apenas com algumas das turbinas de sua casa de força complementar. Isso ocorre porque a hidrelétrica será alimentada por um reservatório que aproveita apenas a queda de água, ou seja, não tem finalidade armazenamento por longo prazo.
Há dez dias, o primeiro comboio de embarcações desembarcou no cais da pequena Vitória do Xingu, carregando 37 máquinas pesadas. Foram quatro dias de viagem rio acima, desde o ponto de embarque, no porto de Belém. De acordo com as informações repassadas pelo Norte Energia ao BNDES, financiador de parte da obra, o total dos contratos de equipamentos da usina soma aproximadamente R$ 4,5 bilhões. (AB)

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