20110707

Brasil é destino seguro para executivos de todo o mundo

Steve Ingham, CEO da Michael Page, afirma que, embora o idioma ainda seja uma barreira, cada vez mais pessoas estão dispostas a desenvolver uma carreira global
O Brasil está, aos poucos, deixando para trás a imagem de mercado arriscado e imaturo, consagrada pela já famosa expressão "bola da vez". O aumento da competitividade das empresas nacionais e o aquecimento do mercado têm feito com que o país seja visto como um destino cada vez mais atraente e seguro para executivos globais.
Esse cenário positivo para os profissionais, porém, vem acompanhado de um sinal de alerta para as empresas: enquanto a oferta de talentos não acompanhar a demanda do mercado, a inflação salarial continuará ganhando força. "A remuneração não vai cair tão cedo. Enquanto o país mantiver o atual ritmo de crescimento, os salários continuarão subindo", afirma Steve Ingham, CEO da consultoria britânica Michael Page.
Em recente visita ao Brasil, ele conversou com o Valor sobre o fato de o país ser alvo de investimentos de longo prazo como acontece no caso dos setores de mineração, petróleo e gás. Segundo ele, isso ajuda a fortalecer a imagem positiva e aumentar a sensação de segurança para profissionais de todo o mundo. "Embora a competição seja global nesses segmentos, as empresas estão aqui para ficar. Não se trata de uma 'bolha' que vai explodir daqui alguns meses e obrigar as pessoas a buscar oportunidades em outro lugar", explica Ingham.
O aquecimento dos mercados emergentes, contudo, evidencia a falta de mão de obra qualificada, problema agravado pela dificuldade em atrair expatriados que não dominam os idiomas locais. De acordo com o CEO, a exceção, pelo menos no Brasil, é a indústria de petróleo e gás. "Esse é um setor onde as habilidades técnicas são mais importantes que o conhecimento perfeito da língua."
A Michael Page tem se preocupado, no entanto, em "checar" o domínio do português em candidatos oriundos de mercados menos aquecidos, especialmente na Europa. Já no caso de Portugal, os consultores têm estimulado o interesse dos executivos em se mudar para o Brasil. "Nem sempre eles têm a flexibilidade necessária, mas existem cada vez mais pessoas dispostas a desenvolver uma carreira global", diz Ingham.
O trabalho dos headhunters também tem sido facilitado pelo fato de o Brasil estar em evidência internacionalmente. O bom momento é, em grande parte, creditado ao desempenho das companhias locais, muitas em processo de profissionalização. "Essas organizações passaram a atuar de maneira mais ágil para se ajustar às condições do mercado e atrair os melhores talentos", afirma Patrick Hollard, diretor geral da Michael Page responsável pela América Latina.
O Brasil conquistou recentemente a posição de terceira maior operação da Michael Page no mundo. A consultoria, que atua em mais de 30 países, iniciou suas atividades no país há 11 anos e hoje só perde em tamanho para a matriz no Reino Unido e para a França, mercado onde opera há 26 anos. O aquecimento acelerado dos negócios, porém, já afeta o projeto de expansão da companhia. Mesmo registrando um crescimento de 75% no primeiro trimestre de 2011 em relação ao mesmo período do ano passado, ela enfrenta dificuldades para atrair e formar profissionais para dar suporte ao seu crescimento.
Nos próximos 18 meses, a Michael Page tem a intenção de abrir cinco novos escritórios no país. Já a Page Personnel, braço do negócio voltado a posições juniores, deve inaugurar 50 unidades nos próximos cinco anos. "O potencial é enorme. O problema é encontrar pessoas para acompanhar esse movimento. Antes de abrirmos mais escritórios, precisamos treinar bons recrutadores e prepará-los para gerenciar", afirma Ingham. O desafio, segundo ele, é o mesmo em mercados como a China e o Sudeste Asiático.
Fonte Jornal Valor.

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