20120427

Mais desenho, menos eletrônicos para estimular a criatividade do empregado

Sunni Brown, acrescenta seus rabiscos a um quadro branco durante uma reunião de trabalho na Zappos.
Deixe de lado o smartphone; pegue um lápis de cera.
Funcionários de diversos setores estão sendo incentivados por suas empresas a demonstrar suas ideias de forma mais criativa e visual, desenhando diagramas para explicar conceitos complicados aos colegas.

Embora o quadro branco há muito figure nas salas de conferência, empresas como a Facebook Inc. agora incorporam quadros brancos, quadros-negros e vidros especiais para escrever em todo tipo de superfície, para estimular a criatividade.

As firmas também estão dando sessões de treinamento para ensinar aos funcionários os princípios básicos da chamada "anotação visual". Outras, como o site de imóveis de férias HomeAway Inc. e a varejista Zappos, estão contratando "anotadores gráficos", consultores que desenham esboços do que é discutido nas reuniões e palestras, em estilo de desenho animado, para que os funcionários fiquem mais envolvidos.

Os proponentes da demonstração visual dizem que o hábito de desenhar ajuda a gerar ideias, aumenta a colaboração e simplifica a comunicação. Pode ser especialmente útil entre colegas de distintas partes do mundo que não falam o mesmo idioma como primeira língua. Colocar a caneta no papel também é considerado um antídoto para a onipresença da cultura digital, fazendo com que as pessoas levantem os olhos das suas telinhas. E estudos mostram que desenhar pode ajudar a reter mais informações.

Na Citrix Systems, empresa da Califórinia, as reuniões às vezes começam com os participantes desenhando autorretratos, como os vistos acima.

Mesmo com aparelhos avançados, como smartphones e tablets, "a mão é a maneira mais fácil de anotar", diz Everett Katigbak, designer de comunicações na Facebook. A maioria das paredes nos escritórios da empresa em todo o país foram revestidas com tinta onde se pode escrever com marcadores coloridos, ou com tinta de quadro-negro, ou vidro especial, para permitir que os funcionários esbocem suas ideias assim que aparecem. Os escritórios da empresa estão recobertos de anotações, desde equações matemáticas até rabiscos mostrando gatos ou cifrões.

A IdeaPaint Inc., fabricante de uma tinta que transforma uma superfície em quadro branco, diz que suas vendas dobraram anualmente desde que o produto foi lançado, em 2008. A empresa de Ashland, no Estado americano de Massachusetts, informa que mais de metade das suas vendas vai para locais de trabalho.

Tomar notas e desenhar também pode ajudar os funcionários a manter a concentração.

Um estudo de 2009 publicado na revista "Applied Cognitive Psychology" constatou que os que desenham ou rabiscam guardam mais informações do que os que não o fazem, ao lembrar informações que foram apresentadas em um contexto tedioso, tal como uma reunião ou videoconferência. A lógica, segundo Jackie Andrade, professora de psicologia da Universidade de Plymouth, na Inglaterra, é que desenhar ocupa a energia cognitiva apenas o suficiente para evitar que a mente comece a devanear.

Em meados do ano passado, a fabricante de software Citrix Systems Inc. abriu um espaço para a "colaboração de design" na sua sede em Santa Clara, na Califórnia. A finalidade do local é incentivar os engenheiros e outros funcionários obcecados por aparelhos eletrônicos a relaxar e rabiscar suas ideias, diz Catherine Courage, diretora de design de produtos da Citrix.

Os quadros brancos recobrem quase todas as paredes e mesas. Marcadores coloridos, notas auto-adesivas e papel para armar modelos ficam sempre à mão. Há também varetas de limpar cachimbos e bolas de espuma para fazer modelos em 3D, e os funcionários montam objetos como chapéus e óculos para ajudá-los a demonstrar suas ideias.

Para deixar os funcionários mais relaxados, as reuniões às vezes começam com os participantes esboçando autorretratos. Embora alguns engenheiros não botem fé na atividade e digam que não sabem desenhar, "isso os coloca no clima", diz Courage.

Audra Kalfass, engenheira de software da Citrix, diz que quando se reúne com sua equipe e há algum problema técnico, "é natural começar a desenhar coisas". E como quase todas as superfícies nas salas de reuniões aceitam desenhos — até as mesas têm tampos de quadros brancos — "a gente logo pega um marcador e começa a desenhar", diz ela.

Kalfass diz que é uma "péssima" desenhista. No entanto, "não é preciso ter muita habilidade artística para se comunicar visualmente. São só quadrados, linhas e coisas assim, para transmitir a sua ideia". Fonte The Wall Street Journal.
Narciso Machado

NCM Business Intelligence

Mais desenho, menos eletrônicos para estimular a criatividade do empregado

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