20130720

Trainees prata da casa

Grupo de Trainees da Whirlpool: eles venceram a disputa acirrada por uma vaga. Mais concorridos do que o vestibular de carreiras universitárias badaladas, os programas de trainee se tornaram importantes fornecedores de talentos corporativos. Sair da universidade e conseguir emprego em uma das principais companhias do Brasil, com carteira assinada, benefícios e um salário mensal em torno dos R$ 6 mil, quem não quer? Mas para conquistar isso é preciso encarar uma maratona de testes, dinâmicas de grupo, entrevistas e ter a consciência de que poucos vão cruzar a linha de chegada. Neste momento, 250 mil jovens recém-formados disputam 164 vagas em oito grandes empresas brasileiras, como AmBev, Unilever, BRFoods, O Boticário, ALL, Johnson & Johnson, Heineken e Whirlpool (veja o quadro ao final da reportagem). São cerca de 1,5 mil candidatos para cada posição, uma disputa muito mais acirrada do que a que ocorre no exame vestibular das carreiras mais concorridas do ensino universitário: na medicina da Universidade de São Paulo, a relação é de 56,4 por um. Para as companhias, essa é a melhor maneira de garantir a formação da prata da casa, gente capacitada destinada a assumir cargos de direção em curto ou médio prazo. Para quem passa no funil da seleção e é incorporado aos quadros da empresa, é mais, muito mais do que um mero registro na carteira de trabalho: na verdade, trata-se de uma espécie de passaporte para o futuro no mundo corporativo. Uma das características que tornam uma empresa desejada como porta de entrada para a carreira é a relevância que ela dá aos trainees internamente. “Nosso objetivo é formar os líderes do futuro. Por isso, os diretores da companhia participam diretamente do processo de seleção”, diz Isabela Garbers, gerente de recrutamento e seleção da AmBev. “Não terceirizamos nenhuma etapa.” Em 2012, foram 77.403 inscritos para 18 vagas. As inscrições para este ano começam no final de julho. Criado em 1990, o programa de trainee da AmBev já formou mais de 600 profissionais. Destes, cerca de 130 ocupam hoje cargos gerenciais (especialistas e gerentes de segunda linha para cima) e 20 são diretores. Entre essa verdadeira prata da casa, o destaque é Luis Fernando Edmond, que presidiu a cervejaria no período 2005-2009 e que atualmente é o CEO da Ab Inbev, fabricante da Budweiser, nos Estados Unidos. Para recepcionar a turma de trainees de 2012, a AmBev organizou um lanche na sede da companhia, em São Paulo, no final do ano passado, que contou com a presença de figurões como Carlos Brito, CEO da Anheuser-Busch InBev, João Castro Neves, presidente da AmBev, além de Marcel Hermann Telles, que forma, com Jorge Paulo Lemman e Beto Sicupira, o trio de principais acionistas da empresa. O contato com os líderes da companhia também faz parte do programa de trainee de outra empresa criada pelo trio Lemann, Sicupira e Telles, a América Latina Logística (ALL). No caso, é realizado um encontro (almoço ou café da manhã) trimestral entre os jovens aprendizes e o presidente da empresa. Segundo a superintendente de gente e gestão Melissa Loqueta, a procura pelo programa de trainee cresce 20% ao ano. Na última edição, foram 25 mil inscritos para 12 vagas. “Na ALL, a cultura da meritocracia é muito forte, por isso o crescimento profissional é rápido”, diz Melissa. “Cerca de 90% dos trainees já saem do programa em posições de coordenação e alguns até de gerência.” Os aprovados no programa de 12 meses conhecem as principais unidades de negócio da empresa. O trainee que desenvolve o melhor projeto é contemplado com uma viagem de especialização no Exterior. A oportunidade de ter uma vivência profissional fora do Brasil é outro diferencial que torna o pacote do programa ainda mais sedutor. Na Whirlpool, líder no mercado brasileiro de eletrodomésticos, dona das marcas Brastemp e Cônsul, o programa, com 15 mil inscritos para 15 vagas, prevê uma experiência em alguma unidade da companhia no mundo para o trainee que mais se destacar durante o processo. No ano passado, a trainee Julia Bothrel passou três meses em uma fábrica na China. “Os candidatos a trainee são cada vez mais jovens e bem preparados, com experiência de intercâmbio, vários idiomas e atuação em projetos de responsabilidade social”, afirma Andrea Clemente, gerente-geral de recursos humanos da Whirlpool América Latina. Há um ponto em comum entre as empresas que investem tempo e dinheiro nos programas de trainee: elas querem formar seus futuros líderes. Uma das pioneiras em programas de trainee no Brasil (desde 1964), a Unilever, uma das maiores empresas de consumo do mundo, continua sendo muito requisitada pelos candidatos. No ano passado, 46 mil inscritos brigaram por 32 vagas. Nossa meta é transformar o recém-formado em gerente em três anos”, afirma Joana Rudiger, gerente de talentos da Unilever, que já teve até o cantor Gilberto Gil entre seus pupilos, nos tempos em que a empresa se chamava Gessy Lever, no Brasil, na década de 1960. “A empresa tem 50% do board composto por ex-trainees.” Com um dos números mais altos de candidatos por vaga (2.333), nem parece que o programa de trainee de O Boticário, maior franquia de cosméticos do mundo, está na sua terceira edição. Segundo Marcos Baptistucci, gerente de desenvolvimento humano de O Boticário, a abertura das inscrições acontece a cada 18 meses, e a seleção é composta por testes online, redações e atividades em uma comunidade criada para os candidatos. “Cada um deles fica responsável por um projeto e tem um executivo como seu mentor”, afirma Baptistucci. “E esse é o nosso diferencial. O mentor vira uma referência importante para o trainee e o auxilia a entender melhor a companhia e a desenvolver seu projeto.” Fonte Revista Isto É Dinheiro.
NCM Business Intelligence - Narciso Machado

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