20130823

Contar piadas no trabalho pode ajudar na carreira

Para Adams, criador de "Dilbert", se você nunca foi engraçado, é uma péssima ideia tentar ser no ambiente de trabalho Margot Carmichael Lester adora fazer brincadeiras bem-humoradas no trabalho. Como proprietária da The Word Factory, uma empresa de criação de conteúdo da Carolina do Norte, ela busca funcionários que tenham senso de humor. "Eu só quero trabalhar com pessoas que podem entender uma piada", diz. Às vezes, porém, suas piadas não surtem efeito. No mês passado, em uma reunião com clientes do setor de seguros, ela zombou levemente da forma como as pessoas geralmente veem suas seguradoras: "Quem realmente espera ouvir 'Estou ligando da sua seguradora e estou aqui para ajudar?'." A piada morreu em meio a poucas risadas, conta. Embora ela tenha se recuperado e concluído o projeto do cliente com sucesso, o episódio não saía da sua cabeça. "Se você é engraçado, se arrisca [a fazer uma piada], se expõe e as pessoas não riem? Isso dói." Pesquisas indicam que os empregadores gostam de contratar pessoas com senso de humor. E mesclar riso e diversão na cultura de uma empresa pode atrair trabalhadores qualificados, de acordo com um estudo publicado no ano passado pela revista especializada "Human Relations" (Relações Humanas). Um estudo de 2011, feito pela Universidade Estadual da Pensilvânia, concluiu que uma boa gargalhada ativa as mesmas regiões do cérebro que um cheque referente ao pagamento de um grande bônus. Ao mesmo tempo, o ambiente de um escritório pode ser um campo minado para brincadeiras. Fazer os colegas rirem leva tempo e exige autoconfiança - e a habilidade de se recuperar de uma gafe. "As pessoas vão gostar mais de você se elas acharem você engraçado", diz Scott Adams, criador do popular personagem de história em quadrinhos "Dilbert". Mas, "se você nunca foi engraçado antes, tentar começar a ser no ambiente de trabalho, o lugar mais importante onde você já esteve em toda a sua vida é uma péssima ideia", diz Adams, autor do livro "How to Fail at Almost Everything and Still Win Big" (Como fracassar em quase tudo e ainda sair como um grande vencedor, em tradução livre), lançado recentemente nos EUA. Fred Kilbourne diz que o seu talento para diálogos engraçados o ajudou na sua carreira de estatístico, tornando-o um palestrante procurado e participante de grupos profissionais do setor. "O trabalho de estatística pode ser muito maçante e chato, mas eu sempre procuro uma maneira de torná-lo um pouco mais leve", diz Kilbourne, de San Diego. "As pessoas dizem: 'Eu não sei quando você está brincando'". "Minha resposta sempre é: 'Se a minha boca está se mexendo, estou brincando'." Não que ele não tenha tido seus tropeços. Uma vez ele fez uma brincadeira no meio de uma discussão séria num comitê de risco de seguros de automóveis, levando um dos participantes a dizer: 'Sabe, estamos tentando fazer algo sério aqui, e isso não ajuda'", lembra Kilbourne. "Ele estava certo", diz. "Eu me comportei seriamente no resto da reunião." Os piadistas de escritório devem estar prontos para dar respostas rápidas, usar um tom caloroso e não serem sarcásticos, diz Michael Kerr, consultor e palestrante de humor no ambiente de trabalho que também escreveu diversos livros sobre o tema. Direcione a piada para você mesmo. Diga, por exemplo: 'Isso é ótimo. Eu precisava me estressar um pouco mais hoje'", diz Kerr. É importante também ler as nuances do humor e das atitudes dos colegas de trabalho para compreender o contexto correto das brincadeiras, diz Andrew Tarvin, um tipo de consultor de humor de Nova York. Adams diz que analisa a linguagem corporal dos ouvintes. Se eles ficam tensos, desviam o olhar ou apertam os olhos, não é um bom momento para fazer piadas. A maioria das pessoas conhece os temas que são tabus: piadas racistas, étnicas e sexistas são proibidas. Fora isso, o brincalhão deve considerar as consequências de uma piada que, por exemplo, apareça no Twitter ou no Facebook. Segundo Zach Ward, diretor da escola de teatro e de treinamento humorístico ImprovBoston, de Cambridge, no Estado de Massachusetts, muitos alunos procuram o local para desenvolver habilidades interpessoais que possam usar no ambiente de trabalho. Um colega de trabalho também pode dar continuidade à piada. "Se o sistema de som falha durante uma apresentação, por exemplo, o palestrante pode falar: 'Foi algo que eu disse?', enquanto outro funcionário pode alongar a brincadeira com 'Deve ter sido o seu humor eletrizante'." O humor de qualidade une as pessoas do escritório, geralmente por meio de brincadeiras compartilhadas ou piadas internas, diz Tarvin. Por quase três anos, funcionários da Silver Lining Ltd. participavam mensalmente de "dias de jargões corporativos", nos quais buscavam usar ao máximo uma linguagem vaga e burocrática, diz Carissa Reiniger, fundadora da empresa de consultoria de gestão com sede em Nova York. O objetivo: incitar o grupo a perder o hábito de usar jargões. Brincar ou provocar os colegas pode abrir espaço para as pessoas discordarem ou manifestarem críticas de uma forma lúdica, sem despertar raiva ou atitudes defensivas, diz Kevin Cruthirds, professor-assistente de gestão da Universidade do Texas e um dos autores de um estudo feito em 2006 sobre humor no ambiente de trabalho. Um chefe pode brincar com um funcionário sobre o gasto de US$ 80 no minibar de um hotel durante uma viagem de trabalho, passando um recado e ao mesmo tempo provocando risadas, diz ele. (Essa abordagem, porém, não deve ser usada em situações mais sérias que podem prejudicar a avaliação do desempenho de alguém ou a sua remuneração.) Um estudo divulgado no início deste ano na publicação britânica "Leadership & Organization Development" (Liderança e Desenvolvimento da Organização) afirma que executivos e gestores que usam humor autodepreciativo passam uma imagem mais acessível e humana a seus subordinados. Paul Spiegelman, um dos fundadores da BerylHealth, uma empresa do Texas de centrais de atendimento especializada na área médica, participa de vídeos anuais da empresa. Num deles, aparece se candidatando a uma vaga de cozinheiro e de projecionista de cinema porque ele "não se sente mais valorizado na empresa". Em outro ano, em uma paródia do programa de televisão "Dancing With The Stars" (Dançando com as estrelas), Spiegelman usa patins e roupas de toureiro e dança com o diretor operacional. Segundo ele, o humor derruba hierarquias e deixa a empresa mais plana, promovendo a lealdade e a produtividade dos funcionários. Recentemente, Spiegelman vendeu a empresa para a SteriCycle Inc., onde hoje ocupa o cargo de diretor de cultura organizacional. Fonte The Wall Street Journal. Narciso Machado - NCM Business Intelligence

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