20130816

Um negócio 'bom pra cachorro': apps para animais de estimação ganham força

Anna Jane Grossman ensina cães a usarem iPdas em uma escola que abriu em Manhattan, em nova York. Numa aula recente em Nova York sobre como usar iPads, a instrutora tinha uma solução para estudantes distraídos: lambuzar a tela com pasta de amendoim. Um dos alunos, um cão de caça húngaro chamado DJ Sam, foi lá e lambeu tudo. A treinadora de cachorros Anna Jane Grossmann começou a dar aulas particulares de iPads para animais no ano passado. Uns 25 clientes se inscreveram e ela está planejando uma aula especial de iPads de 90 minutos no fim do mês, onde os cachorros vão aprender a ativar aplicativos com o focinho. "As pessoas sempre dizem, 'Ah, será que você pode ensinar meu cachorro a fazer as minhas transações bancárias?'", diz Grossman. Na realidade, "os cachorros não conseguem fazer muitas coisas úteis no iPad. Mas eu também não faço", acrescenta. Grossman faz parte de uma leva de empresários que está investindo em um negócio novo e de rápido crescimento para promover o uso de aplicativos para animais de estimação. Eles dizem que os aplicativos podem entreter animais que ficam sozinhos em casa, pode ensinar habilidades motoras importantes e até mesmo promover um comportamento mais social em animais solitários. Mas a ideia já tem sido alvo de críticas. Alguns dizem que não é justo, por exemplo, fazer um gato perseguir eternamente um rato que não pode ser capturado. "Sem ter uma captura bem-sucedida, acredito que a brincadeira vai deixar o gato muito nervoso, já que a brincadeira não terá um desfecho satisfatório", diz Pam Johnson-Bennett, especialista em comportamento felino. O nova-iorquino David Snetman experimentou deixar seu gato Pickle brincar com o iPad até ele se cansar. Mas uma hora depois, Pickle ainda continuava batendo na tela. Apesar do animal não ter mostrado sinais de cansaço, Snetman não quis mais permitir que ele brincasse com o aparelho. "Foi uma experiência muito frustrante para ele", disse. Os desenvolvedores de aplicativos descartam as críticas. As pessoas "têm conotações negativas de uma criança que fica horas e horas na frente da tela de uma televisão", diz T.J. Fuller, que ajudou a desenvolver o popular app "Game for Cats" (Jogo para Gatos). "Mas acredito que é bem diferente com os gatos," diz ele, acrescentando que os jogos representam um desafio físico e mental para os animais. Fuller e seu sócio Nate Murray desenvolveram o jogo depois de criar um app para crianças que fracassou. Agora, eles têm três aplicativos de iPad para gatos, incluindo um que permite que eless façam pintura na tela e o "Game for Cats", que incentiva os animais a tocar num ponto de laser, num rato ou numa mariposa passeando pela tela. Os aplicativos já foram baixados mais de um milhão de vezes, diz Murray. A versão básica é de graça, mas as outras são vendidas por US$ 1,99. "No início, achei que era ridículo, mas acabou sendo algo realmente importante para as pessoas", diz Murray, observando que algumas imprimem e exibem os quadros pintados por seus gatos e até os enviam a eles de presente. Hoje existe mais de uma dezena de apps criados especificamente para animais de estimação na loja do iTunes. Apesar dos cães e gatos serem os principais alvos, os jogos já foram utilizados por pinguins, tigres e rãs, dizem os desenvolvedores. Os pinguins, especialmente, parecem gostar muito do "Game for Cats", diz Fuller, mas "não acho que exista um grande mercado para isso". Os pinguins-de-Magalhães residentes do Pacific Aquarium, em Long Beach, na Califórnia, jogam o game com frequência, diz Dudley Wigdahl, curador de mamíferos e aves do aquário. Durante a sua primeira sessão de jogos em fevereiro, ele ficou surpreso ao ver os pinguins bicando vigorosamente a tela, tentando pegar o rato. "Eles conseguiram muitos", diz ele. "Eu não esperava tanto." Mas o sucesso traz desafios, como os imitadores, dizem Fuller e Murray. Logo depois que eles lançaram o jogo, a Friskies, fabricante de comida para gatos, lançou sua própria série de aplicativos para felinos. "Há uma rivalidade aí", diz Fuller, que continua criando novos jogos, como o "Catzilla", que permite que gatos destruam a paisagem de um centro urbano animado. Na Friskies, o maior sucesso até agora é um app chamado "Fishing Cat" (Gato Pescador), que ela diz que já foi baixado mais de 500.000 vezes. Sua nova versão, o "Cat Fishing 2", emite miados se o aplicativo sentir que o gato está perdendo o interesse e permite que seus proprietários compartilhem os resultados através de sites de redes sociais. Os jogos são gratuitos. A Friskies lançou sete jogos para iPad, utilizando sessões de teste com um "grupo de consumidores" formado por seis gatos. Alguns ficam obcecados com os jogos. Gary, um gato malhado de 11 anos, passa dias inteiros alternando entre 15 minutos de jogo e cochilos. Alguns aplicativos são mais sérios. Um abrigo de animais em Los Angeles começou a usar iPads como uma ferramenta terapêutica para seus gatos. "Eles desinibem os animais que são mais tímidos", diz Madeline Bernstein, presidente da Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra Animais de Los Angeles. Ela alerta, porém, que essas técnicas podem ter um efeito contrário: seus próprios gatos agora acham que o iPad é só deles. "Eles ficam constantemente me interrompendo" quando é a minha vez de usar o aparelho. Mesmo assim, o uso de iPads no abrigo ofereceu uma maneira de angariar fundos para a entidade. Os funcionários imprimiram pinturas feitas pelos gatos no iPad e fizeram cartões. Até agora, eles já venderam 600 cartões ao preço de US$ 5,99 cada, dando crédito aos gatos pintores Frida Katlo e Jackson Pawlick. Já os cachorros exigem uma abordagem diferente, diz Ben Kamens, que criou o "Game for Dogs" (Jogo para Cachorros) com um parceiro, Jason Rosoff. Eles simplificaram o fundo e criaram um contraste maior entre os animais virtuais e a tela. Eles fizeram testes com Phoebe, aYorkshire terrier de Rosoff. "Chegamos a um ponto que quando ela vê o iPad, ela surta, diz Kamens. "Ela deve achar que os animais estão dentro da tela." Fonte The Wall Street Journal. Narciso Machado - NCM Business Intelligence

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