20130926

Criatividade nos benefícios ajuda a engajar equipes

Aumente a produtividade com formas criativas de oferecer benefícios para seus colaboradores. Ryan Carson está em sua mesa em Portland, nos Estados Unidos. Como diretor-presidente da Treehouse, uma empresa que produz e vende vídeos de treinamento e técnicas em web design, ele divide sua sala com três colegas. Mas esse não é o escritório de um CEO típico. Na verdade, a sala está no terceiro piso da casa onde Carson mora com a família. Ele construiu uma empresa com 54 funcionários com base em uma cultura de trabalho diferenciada: a maioria dos empregados trabalha em casa e a empresa funciona apenas quatro dias por semana, de segunda a quinta-feira. Além disso, a Treehouse oferece não só o que Carson descreve como "folgas insanas", mas também dá a cada um de seus colaboradores US$ 5 mil para que eles possam montar seus escritórios domésticos, além de almoços gratuitos e telefones celulares. Alguns profissionais de recursos humanos podem até chamar atenção para os custos que isso representa, mas Carson garante que vale a pena. "Se você analisa os custos de tudo isso, verá que eles não são muito grandes quando considera o retorno sobre o investimento em termos de lealdade e empenho dos funcionários", justifica. Não é incomum organizações oferecerem pacotes atraentes de benefícios - que vão de treinamentos a refeições gratuitas. Mas empresas menores como a Treehouse podem ir mais além para atrair talentos. Em setores competitivos em que há tradicionalmente uma rotatividade grande de funcionários, esses executivos acreditam que a combinação de uma cultura de trabalho agradável e benefícios generosos não só ajuda a recrutar e manter funcionários qualificados, como também pode motivar as pessoas a se esforçarem mais. Carson alerta que essas iniciativas resultam em aumento de produtividade apenas se a equipe souber valorizar e aproveitar esses benefícios. "Se você não trouxer as pessoas certas, nada disso funciona", afirma. Michael Poley é funcionário da companhia desde o início de 2011 e mora na Flórida. "Quando você vê uma oportunidade de trabalho na Treehouse e fica sabendo sobre todos os benefícios, você fica maluco", diz. Essa cultura de trabalho encorajou Poley a tentar causar uma grande impressão quando ele se candidatou para um cargo na empresa. "Você quer mostrar quanta energia e talento pode levar para a organização", afirma. Jim Hoskins, um colega de Poley, diz que a semana de trabalho de segunda a quinta-feira tem um efeito profundo sobre a maneira como ele trabalha. "O fato de termos apenas quatro dias para fazer as coisas nos leva a trabalhar com mais afinco e de maneira mais inteligente." A Campaign Monitor, sediada em Sydney, na Austrália, fornece softwares para campanhas de marketing por e-mail e tem uma postura parecida em relação à sua cultura e seus benefícios. Sua página sobre carreira exibe um pacote atraente que vai de aulas de surfe e um chef de cozinha no local de trabalho até salas particulares para todos os integrantes da equipe. "Muitos desses benefícios atendem nossa única prioridade, que é poder eliminar facilmente qualquer distração quando for preciso", diz o fundador David Greiner. O chef e os espaços comuns atraentes são proporcionados para garantir que todos na companhia almocem juntos e socializem diariamente, o que, segundo Greiner, ajuda a manter as pessoas felizes e produtivas. "O fator mais importante em uma carreira gratificante é fazer um grande trabalho. Quanto mais você fizer para ajudar as pessoas a conseguirem isso, maior a probabilidade de eles permanecerem na empresa", ressalta. Esses benefícios podem ser viáveis para algumas empresas, mas muitas teriam dificuldade para contratar, por exemplo, um chef de cozinha exclusivo. O objetivo, no entanto, é tentar criar uma cultura de trabalho que seja realmente atraente. Jools Walker é gerente de vendas e marketing da Vulpine, uma empresa de Londres que vende roupas e equipamentos para a prática de ciclismo. "Para mim, o maior dos benefícios é o ambiente que temos aqui, que é diretamente ligado às minhas duas paixões - o ciclismo e a moda. Por mais que possa soar como um clichê, é um sonho que se tornou realidade", diz ela, que também mantém um blog sobre o assunto e já atuou como diretora de admissões da Universidade de East London. Esse entusiasmo misturado com uma cultura descontraída, em que reuniões e 'brainstorms' ocorrem no estacionamento da empresa em vez dos escritórios, cria um ambiente que ela acredita ser mais produtivo. "O dinheiro não foi minha principal motivação ao entrar para a Vulpine. Trabalhar em um lugar com pessoas que têm os mesmos valores e crenças e paixões que eu era uma oportunidade boa demais para ser perdida", enfatiza. Do outro lado de Londres, em Shoreditch, Drew Benvie está construindo a Battenhall, uma agência de comunicação com um ambiente corporativo e pacotes de benefícios especialmente desenhado para atrair os melhores talentos da área. O empresário conta que aprendeu que coisas pequenas - como dar a cada colaborador uma verba de 1.200 libras para gastarem como quiserem em produtos de tecnologia - podem ter um enorme significado e são fundamentais para o sucesso dos negócios. "Se você não proporciona aos colegas aquela sensação de que eles estão recebendo atenção, isso vai afetar o desempenho de forma negativa." Entretanto, embora o site da Battenhall ressalte o trabalho em casa e outras regalias, a verdade é que a maior parte da equipe passa mais tempo no escritório da companhia em Londres. Culturas de trabalho flexíveis podem parecer interessantes em um primeiro momento, mas a realidade para muitas empresas é que a força de trabalho precisa estar reunida no mesmo espaço físico. Na verdade - assim como Jools Walker se sente em relação à Vulpine -, na Battenhall a cultura do local de trabalho provavelmente seja o grande atrativo. A empresa tem apenas nove funcionários e três meses de vida. O que atraiu os candidatos foi, principalmente, a oportunidade de ser parte daquele espírito de startup, de ajudar a moldar a cultura corporativa e contribuir para a construção de uma agência de comunicação diferente. "Eles têm a oportunidade de participar da criação da personalidade da companhia e isso é algo que você não pode fazer no Google", diz Benvie. De volta a Portland, Carson está refletindo se manteria a política da semana de trabalho de quatro dias caso abrisse uma nova empresa. "Provavelmente implementaríamos essa mesma política, mas é uma decisão difícil", diz. "Agora tenho filhos e vejo que a vida é muito curta. Se existe uma maneira que me possibilita passar 50% de tempo a mais com eles, por que eu não faria isso?" O fato é que essas culturas de trabalho podem ser consideradas extremas demais e insustentáveis para organizações maiores. No entanto, Carson está otimista e acredita que essa abordagem não é um obstáculo ao crescimento. "Todas as empresas que criei com a semana de trabalho de quatro dias foram bem-sucedidas e a Treehouse é a maior até o momento", afirma. Mas acrescenta: "Em companhias muito grandes, talvez você só tenha que fazer a coisa um pouco mais lentamente." Fonte Financial Times. Narciso Machado - NCM Business Intelligence

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