20110902

O alvo é a próxima geração

Se seu foco são os clientes de hoje, repense bem suas estratégias. Empresário que está de olho na próxima geração tem muito mais chances de obter sucesso. Veja algumas dicas de como fazer isso.

A era dos baby boomers terminou em 2003. A tocha foi passada para uma nova geração com novas ideias e valores. É claro, os boomers ainda são os donos do poder no topo da hierarquia, mas a visão de mundo predominante que nos impulsiona é diferente daquela que acompanhou seu crescimento. As empresas que não se adaptarem à nova ordem mundial vão ter cada vez mais dificuldade para alcançar o sucesso.

Ser um baby boomer não tem a ver com seu ano de nascimento. Trata-se de como você
enxerga o mundo.
Os baby boomers eram idealistas que idolatravam heróis, ícones perfeitos de beleza e sucesso. Hoje esses ícones são vistos como falsos, artificiais e ridículos. James Bond, o galã frio e cortês daquela geração, se tornou o cômico Austin Powers ou o vulnerável e tragicamente imperfeito Jason Bourne de Identidade Bourne.

Essa é a essência da nova visão de mundo, uma rejeição da ilusão, uma demanda silenciosa e corajosa pela verdade. Ela está refletida nos filmes, nos programas de TV e na música.

Os baby boomers balançavam com a letra de um comercial da Coca-Cola de 1971 que mostrava adolescentes de todo o mundo cantando: "Eu gostaria de comprar um lar para o mundo e mobiliá-lo com amor; plantar macieiras e criar abelhas e pombos brancos como a neve. Eu gostaria de ensinar o mundo a cantar em perfeita harmonia; gostaria de comprar para o mundo uma Coca-Cola e fazer-lhe companhia...". A ideia era pura e saudável, mas não requeria nenhuma atitude, a não ser acreditar. A geração de hoje teria ânsia de vômito ao ver esse anúncio no ar, perguntando-se "o que a Coca-Cola está fazendo para promover a paz mundial? Nada. São um bando de falsos".

Os baby boomers acreditavam em sonhos, em chegar às estrelas, em liberdade pessoal, "seja tudo o que puder ser". A geração atual acredita em pequenas ações, em tirar a cabeça das nuvens, em obrigação social, "faça sua parte".

Os baby boomers ancoravam sua identidade em suas carreiras. A geração emergente vê o trabalho apenas como um emprego.

Os baby boomers eram diplomáticos e buscavam a aprovação dos outros. A geração emergente sente que é melhor ser franco e não se importa se você aprova ou não.
Os boomers queriam ter autoridade e admiravam os que a possuíam, pois ela lhes dava autoconfiança. Os emergentes levam vidasmais equilibradas, acreditam no trabalho em equipe e confiam menos no "chefe".

Os boomers idealistas tinham uma mentalidade de abundância, acreditavam em um mundo melhor e eram opulentos nos gastos. Os emergentes veem a escassez, acreditam em fazer o necessário para sobreviver e são mais conservadores financeiramente.

Com base nos valores principais da geração emergente, escrevo abaixo o que acredito que começará a acontecer nos próximos quatro a seis anos:
1. Um declínio do prestígio de marcas como Rolex, Harley-Davidson e Gucci.

2. O fim da expressão "subir na vida" como gíria.

3. Uma queda na eficácia da publicidade tradicional.

4. Compras comparativas feitas cada vez mais online, embora continuem ocorrendo amplamente em lojas físicas em várias categorias de produtos.

5. Um aumento no voluntariado e nas doações para organizações sociais.

6. Um aumento lento na popularidade dos sindicatos trabalhistas.

7. Uma leve diminuição no índice de divórcios à medida que os casais se tornarem mais comprometidos com a unidade familiar e forem menos enfeitiçados pelo idealismo do "amor verdadeiro".

Agora o que essas coisas significam para o empresário:

1. Não acredite que as marcas de prestígio serão a força de sua identidade no futuro como foram no passado. Construa uma identidade que não dependa dos produtos que você tem.

2. Investigue os valores do novo cliente "da classe alta" de amanhã e adapte-se a eles.

3. Foque menos na publicidade promocional de resposta imediata e torne-se a loja em que os clientes pensam primeiro quando precisam dos produtos que você vende. A nova tendência da publicidade está longe do exagero e do romanticismo e mais perto dos fatos e da verdade.

4. Tenha um site informativo e fácil de usar que permita ao cliente conhecer todos os detalhes de seu produto ou serviço que antes teriam que perguntar a um vendedor. Não espere o cliente de amanhã ligar ou voltar à loja "para mais informações".

5. Escolha uma organização ou uma causa em que acredite e apoie-a abertamente.

6. Fale menos em auto imagem e prestígio como motivações primárias de seus clientes.

Acredite ou não, as pessoas estão se preocupando mais com o mundo exterior.

Estas mudanças podem ser iminentes, mas lembre-se: mudar muito e muito cedo é quase tão perigoso quanto mudar pouco e tarde demais. A curva de adoção dos novos valores pela maioria da sociedade começou em 2003 e se completará em meados de 2008 ou no início de 2009. Você tem bastante tempo para se adaptar ao futuro. Mas precisa começar já.
Roy Williams é fundador e presidente da The Wizard of Ads, uma empresa que presta serviços de publicidade e marketing para empresários de todo o mundo. Williams também é autor de The Wizard of Ads (O Mago dos Anúncios) e Secret Formulas of the Wizard of Ads (Fórmulas Secretas do Mago dos Anúncios).

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