Quem passasse em frente às duas lojas de amostra grátis de São Paulo há duas semanas encontraria as portas fechadas. Os negócios continuam existindo, mas passam por transformações. O Clube Amostra Grátis está em reforma. A Sample Central, na rua Augusta, fechou mesmo o ponto e está repensando o modelo de negócio. Enquanto isso, no coração de Copacabana, no Rio de Janeiro, a novata Rede Amostra Grátis, inaugurada há um mês, prevê abrir novas lojas ainda este ano.
As lojas paulistanas foram pioneiras no conceito de "tryvertising" (algo como experimentar e divulgar) no Brasil. A prática, nascida no Japão, desembarcou no país há pouco mais de um ano. Funciona assim: o consumidor se cadastra e paga uma anuidade (entre R$ 15 e R$ 50). A partir daí, pode ir à loja todo mês e escolher um número limitado de produtos para levar. Para voltar "às compras", precisa preencher uma pesquisa on-line sobre sua experiência com os produtos. São essas respostas que interessam à indústria.
Todos querem saber a opinião do público sobre seus produtos. Grande parte do portfólio das empresas de amostra grátis consultadas pelo Valor é formado com produtos de alimentos, higiene e beleza. Há desde marcas menores até grandes como Nestlé e Adidas. Itens que ainda não foram lançados no mercado dividem as prateleiras com outros tradicionais. "Quando um produto maduro se aproxima da linha de declínio, a estratégia é reposicioná-lo ou rejuvenescê-lo", explica o professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Miguel Noronha.
O Clube Amostra Grátis sentiu necessidade de mudar a fórmula. Até pouco tempo, os dois andares do imóvel, localizado no bairro Vila Madalena, zona oeste da cidade de São Paulo, eram usados para exibir produtos para teste. Agora o Clube foi realocado para o andar de cima e o piso de baixo abrirá no fim do mês, com outro nome: Madá Express. Trata-se de um minimercado que funcionará como laboratório de marketing, onde será estudado o comportamento do consumidor no ponto de venda. "A observação comportamental é importante porque aquilo que o consumidor diz não necessariamente reflete a realidade de quando ele vai comprar", diz Noronha.
No supermercado, o consumidor será observado por câmeras, e pesquisadores irão identificar os motivos que o levaram a comprar determinado produto. A ideia é avaliar o impacto da embalagem e da posição do produto na gôndola, por exemplo. No ato do pagamento, o cliente também será convidado a responder a uma pesquisa. "Se der tudo certo, teremos criado um novo modelo de negócios e podemos abrir franquias", diz o sócio Luiz Gaeta.
A Sample Central, que funcionava na rua Augusta, no Jardim Paulista, faz mistério sobre seus planos. "Ainda no segundo semestre o projeto volta muito mais adequado à realidade do mercado", diz Fernando Figueiredo, sócio da empresa, por e-mail. Uma mensagem no Twitter da Sample Central dá pistas sobre seu futuro: "Esclarecemos que fechamos a loja localizada na Rua Augusta, pois passaremos a atender on-line". Figueiredo afirma que o plano ainda não está fechado.
Uma das práticas adotadas pela Sample Central que não deram certo foi o agendamento de horário. "Não é prático e nem honesto criar dificuldade ao consumidor para experimentar o produto", diz Figueiredo. A empresa trabalhava com 50 mil consumidores cadastrados, todos em São Paulo.
Para o professor Noronha, "falta, nas lojas de amostra grátis, um maior estudo do perfil demográfico, geográfico e psicológico do público e saber se isso é realmente relevante para a empresa".
Maior alcance geográfico é um dos trunfos do modelo de negócio on-line. Porém, mesmo operando em todo o país, o site Tryoop!, criado em julho de 2010, faz 70% das suas entregas no Sudeste. A empresa tem 10 mil usuários. A proposta do Tryoop! é oferecer às empresas uma lista de usuários pré-selecionados de acordo com o perfil do público-alvo. Todo o contato é feito pela internet e o consumidor recebe o produto em casa. Em vez de uma anuidade fixa, há uma taxa de entrega de R$ 10.
A operação da Tryoop! também está passando por transformações. Em outubro, entra no ar nova versão do site, que passará a divulgar os itens disponíveis para teste. Assim, os usuários podem se candidatar a participar. "Vamos oferecer mais interatividade", diz Milena Escabeche, diretora do Tryoop!.
O Clube Amostra Grátis, com 8 mil usuários, previa faturamento de R$ 1 milhão nos primeiros doze meses de atuação, mas faturou apenas R$ 350 mil. De acordo com Gaeta, o resultado ficou abaixo do esperado porque as empresas já tinham fechado seus orçamentos para o ano. "Já tivemos um crescimento de 60% este ano em relação ao ano passado. Agora sim, vamos fechar 2011 com R$ 1 milhão", diz ele.
"Pelo menos R$ 1 milhão" é também a projeção de faturamento para o primeiro ano da Rede Amostra Grátis, no Rio de Janeiro. A loja investiu o mesmo montante na fase inicial do negócio, de acordo com o sócio Stélvio Rosi. Em pouco tempo, tinha 8 mil cadastros. A empresa estuda abrir mais quatro ou cinco lojas ainda este ano.
As informações recolhidas nas pesquisas podem ser usadas pela indústria para divulgar seus produtos e para revelar alterações necessárias na embalagem, no produto ou em sua estratégia de marketing. "É um conceito complementar à pesquisa de mercado e pode ajudar as pequenas e médias empresas que não têm grande verba para pesquisa", diz Noronha.
A Smart Life descobriu, em ações no Clube Amostra Grátis e no Tryoop!, que precisava ajustar a comunicação para seus produtos: energéticos em cápsulas e em doses líquidas ("shots"). "A gente focava muito em esportes, e encontramos a necessidade de trabalhar mais o público na situação 'work' [trabalho]", diz Immo Oliver Paul, sócio da Smart Life.
Um comentário:
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